segunda-feira, 30 de setembro de 2019

TEOPISTO

Diziam os antigos que o popular Teopisto era tido como o cabra mais teimoso da cidade de Fortaleza. De tão teimoso, certa vez, ele chegou a matar um peru de cansaço em uma birrenta e demorada peleja de "glu-glu-glu". 

Em uma outra ocasião, ele foi da fala à mímica em um arranca-toco que travou e levou a pior com um valentão que não tolerava ser chamado pelo apelido de “Piolho”. 

Pois é, por ser uma pessoa que não concordava com a opinião de seu ninguém, ele ficou tão famoso, chega quando alguém emperrava com um outro, era comum ouvir: - “Para de ser teimoso, Teopisto!” 

Birrento todo, Teopisto foi batizado em homenagem ao mártir Teopisto – irmão de Agapito e filho de Ss. Eustáquio, com sua mulher Teopista – que morreu apedrejado em 110 a.C.

segunda-feira, 23 de setembro de 2019

DE PODER

Prefeito Evandro Ayres de Moura.

Escutada do amigo Lauro Chaves Neto, sobre sapiência, humildade e o “pseudo” poder dos ocupantes dos cargos públicos, a história a seguir conta uma leitura de vida que nos serve de lição e reflexão. 

Neto primogênito do Dr. Evandro, o então menino Laurinho seguia o avô prefeito, para onde quer que ele fosse na cidade de Fortaleza. 

Pois bem. Certa vez, em um episódio em que políticos, cabos eleitorais, Zés e Marias, asseclas e bajuladores de plantão se acotovelavam, fazendo fila para cumprimentar o prefeito Dr. Evandro, Laurinho comentou com o avô: - “Puxa, vovô, como o senhor é importante!” 

Dr. Evandro, sereno como sempre, com a simplicidade e clareza dos grandes homens de bem, sorriu e disse: - “Meu neto, importante é o prefeito, não eu. Quem ocupar este cargo, assim será tratado.” 

Servidor de carreira do Banco do Brasil, advogado e professor universitário, presidente do Banco do Estado do Ceará e deputado federal, Dr. Evandro Ayres de Moura também foi prefeito de Fortaleza, de 1975 a 1978.

segunda-feira, 16 de setembro de 2019

BALTÁ

Diziam os antigos que Baltazar era tido como o cabra mais mentiroso de Fortaleza. O lugar predileto para contar suas balelas era a mercearia do “seu” Napoleão, defronte a Praça da Lagoinha, onde existia um dos mais disputados jogos de bilhar da cidade. 

De tão mentiroso, quando alguém faltava com a verdade, “seu” Napu protestava: - “Desce daí, Baltá!”

quarta-feira, 11 de setembro de 2019

A RESPOSTA DE LILIU

Totonho e Liliu.

Granja fica na margem esquerda do Rio Coreaú, pelas bandas do noroeste cearense, vizinha às cidades de Bela Cruz, Barroquinha, Camocim, Chaval, Marco, Martinópole, Moraújo, Senador Sá, Tianguá, Uruoca e Viçosa do Ceará. 

Pois bem, investigado sobre a sua variação patrimonial de bens, Liliu, ex-prefeito granjense, foi interrogado por uma austera autoridade do judiciário: 

- Senhor Eliezer... 
- Pois não. 
- Senhor Eliezer, o que o senhor tem em seu nome? 

Liliu pensou, pensou, ajeitou os óculos, arrumou-se na cadeira, deu uma volta no pescoço, pigarreou e, todo sério, firme respostou: - “Quatro vogais e três consoantes!”

sexta-feira, 6 de setembro de 2019

ASA DELTA

Em meados dos anos 1970, em Fortaleza, a moçada de férias não perdia um dia sequer de praia no “Oi da Pedra”, defronte ao clube do Náutico. Na época, as meninas pudicas trajavam maiôs, as bem-comportadas “duas peças” – vindo do “engana mamãe”, que de frente parecia maiô, mas de costas um biquíni – e as “pra frentex”, biquínis – alguns, pasmem, de croché! 

Aí, as peças foram diminuindo de tamanho, diminuindo, veio a tanga, até chegar a precursora do “fio dental”: a cavada “asa delta”! Ah, “asa delta”... Lembro demais de duas exuberantes garotas desfilando seus atributos pela praia. Com elas, arrancavam suspiros dos marmanjos e excitavam os imberbes que costumavam manufaturar seus prazeres através da imaginação. Em movimentos espontâneos, sincronizavam seus passeios sem fim, provocando olhares dos varões cobiçosos e invejosa censura do mulherio apoucado. 

Uma era loura, a outra, morena. Naquele paraíso, pra cima e pra baixo, as duas sensualizavam suas exuberâncias de maneira natural, na candura de uma Eva a desconhecer o pecar. De olhos grelados nelas, sempre aparecia um Adão para lhes oferecer a derradeira maçã daquele éden. Enroscada no tronco do mais frondoso cajueiro do lugar, tesa a serpente sugeria que o bom da vida residia na desobediência aos princípios dos seus. 

Nunca mais vi aquelas duas beldades – imagino-as hoje distintas senhoras – que encantaram uma geração inteira maravilhada com revistas masculinas de natureza sexual, de conteúdo considerado ingênuo para os dias de hoje.