No Google, pesquisando “Miguel Laprovitera”, encontrei a
matéria seguinte datada de 1952.
Gera Teixeira
Deu no Correio do Ceará, em 11/01/1952,
nas páginas 5 e 6:
MAIS AUMENTOS! MAIS
AUMENTOS! MAIS AUMENTOS! - O POVO NÃO MAIS RECLAMA: ELE SABE QUE NÃO ADIANTA
(…)
APELAR
PARA QUEM?
TRISTE FIM DE UMA “ENQUETE” NUMA MELANCÓLICA “FILA” DE AUTO-OMNIBUS
ENQUANTO
AUMENTA O PREÇO DAS PASSAGENS, NOVOS GOLPES SÃO ESPERADOS
Conforme o povo temia, o Conselho Estadual do Trânsito, reunido ontem á
noite, para estudar o caso do pedido de majoração nos preços das passagens dos
ônibus, pleiteando, segundo alegam os empresários, para que estes possam fazer face
á pretensão dos motoristas e trocadores, que desejam também aumento de
ordenado, concedeu uma majoração de vinte e trinta centavos para todas as
linhas de Fortaleza. A população recebeu a notícia já com certa apatia. O povo
parece que já não tem mais forças para reagir. Pelo menos foi esta a impressão
colhida pela reportagem, quando esteve hoje de manhã, dando um giro pela cidade
para saber como fora recebida pelo público a instituição de mais essa “quota de
sacrifício”.
O repórter voltou
decepcionado para a redação. A “enquete” que tínhamos em mente realizar
constituiu autêntico fracasso. O povo já está compreendendo que não tem para
quem apelar e prefere sofrer calado a exprimir a sua revolta.
(…)
UM SOCIÓLOGO, UM INTELECTUAL, UM CINEGRAFISTA, UM COMERCIANTE
Se não fosse a passagem providencial de algumas pessoas amigas, tudo
terminaria melancolicamente. O sociólogo Joaquim Alves, o sr. Tancredo Bezerra
Filho, o poeta e bacharel Aluizio Medeiros, o cinegrafista e fotógrafo Nelson
Moura,. O comerciante Miguel Laprovitera, salvaram mais ou menos a situação.
Eis o pronunciamento de cada um deles, resumidamente:
PROFESSOR JOAQUIM ALVES:- “O aumento das passagens de ônibus é também
conseqüência da instituição do novo salário mínimo. Aumentar os salários, sem
congelar os preços, redunda num círculo vicioso, com a majoração das utilidades
e conseqüente encarecimento do custo de vida”.
MIGUEL LAPROVITERA:- Se tudo está caro, se o governo permite que tudo
suba, também é justo que se reconheça os direitos dos empresários, que afinal
de contas também são consumidores. Mas me diga, pelo amor de Deus. O que é que
se pode fazer?”
DR. ALUIZIO MEDEIROS:- “Como simples passageiro de ônibus que sou,
oponho-me ao aumento das passagens. Como homem que percebe um ordenado de
funcionário público estadual, insuficiente, portanto, oponho-me ao aumento das
passagens. Como homem que se interessa profundamente pelos problemas de todo o
povo, oponho-me ao aumento das passagens e de tudo que representar
encarecimento de vida.”
Miguel Laprovitera era meu
avô.
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