Cantora volta com grande disco de tom rural após nove anos.
Por Beto Feitosa
Depois de um grande hiato de nove anos sem lançar novo trabalho, a cantora Amelinha está de volta com o álbum Janelas do Brasil. Com produção de Thiago Marques Luiz o CD chega ao mercado pelo selo Jóia Moderna e distribuição da Tratore.
O CD tem uma sonoridade de cordas - todas a cargo de Dino Barioni - que lembra muito a rica parceria de Maria Bethânia com seu maestro Jaime Alem. No entanto, ao contrário da cantora baiana que costuma ensaiar meses a fio, o disco de Amelinha foi gravado em apenas três "noites mágicas", como define o DJ Zé Pedro, diretor artístico da gravadora, em texto publicado no encarte. O despojamento soa como autenticidade, e o disco pulsa emocionado, tão simples quanto belo.
O repertório traz compositores habituais na carreira de Amelinha como Belchior, que abre o disco na bela Galos, noites e quintais, e Fagner, que aparece na dobradinha com Abel Silva em Asa partida. Mas Amelinha ainda soma novos nomes como Zeca Baleiro emO silêncio e até o jovem músico Marcelo Jeneci, revelação recente, em Felicidade parceria com Chico César gravado em seu primeiro e festejado trabalho solo.
O tom interiorano é confirmado ainda quando passa por músicas assinadas por Renato Teixeira (Olhos profundos) e Almir Sater (com Paulo Simões em Planície de prata). Com Pra seguir um violeiro, de Amaro Penna, fecha o disco acentuando o discurso sertanejo na letra: "Pra seguir um violeiro / É preciso liberdade / Ter a mente sem fronteiras / Cantar sertão e cidade", entoa com graça e propriedade.
O momento de Amelinha é muito bom. A voz que continua bonita, o repertório feito com escolhas precisas, e os belos arranjos que seguem estrada para o interior fazem uma química rica. Janelas do Brasil é um olhar afetuoso para um Brasil sertanejo, e abre de volta espaço para Amelinha, que lança mais um grande disco, em sintonia com os primeiros anos de sua carreira.
(Foto: Divulgação)
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