Padre Francisco da Costa, prior de Trancoso.
"Padre Francisco da Costa, prior de Trancoso, de idade de 62 anos, será degredado de suas ordens e arrastado pelas ruas públicas nos rabos dos cavalos, esquartejado o seu corpo e postos os quartos, cabeça e mãos em diferentes distritos, pelo crime que foi arguido e que ele mesmo não contrariou, sendo acusado de ter dormido com 29 afilhadas e tendo delas 97 filhas e 37 filhos; de 5 irmãs teve 18 filhas; de 9 comadres, 38 filhos e 18 filhas; de 7 amas teve 29 filhos e 5 filhas; de duas escravas teve 21 filhos e 7 filhas; e dormiu com uma tia, chamada Ana da Cunha, de quem teve 3 filhas. Total: 299, sendo 214 do sexo feminino e 85 do sexo masculino, tendo concebido em 53 mulheres. Não satisfeito tal apetite, o malfadado prior dormia ainda com um escravo adolescente de nome Joaquim Bento, que o acusou de abusar em seu vaso nefando noites seguidas quando não lá estavam as mulheres. Acusam-lhe ainda dois ajudantes de missa, infantes menores que lhe foram obrigados a servir de pecados orais, completos e nefandos, pelos quais se culpam em defeso de seus vasos intocados, apesar da malícia exigente do malfadado prior."
Agora vamos ao desfecho do processo do prior comedor:
"El-Rei D. João II lhe perdoou a morte e o mandou pôr em liberdade aos 17 dias do mês de março de 1587, com o fundamento de ajudar a povoar aquela região da Beira Alta, tão despovoada ao tempo e, em proveito de sua real fazenda, o condena ao degredo em terras de Santa Cruz, para onde segue a viver na vila da Bahia de Salvador como colaborador de povoamento português. El-Rei ordena, ainda, guardar no Real Arquivo esta sentença devassa e mais papéis que formaram o processo."
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