Inserido no piso térreo de um austero edifício do final de Setecentos, o Animatógrafo do Rossio abriu ao público em Dezembro de 1907. Desenhada por autor anônimo, ele possui uma das raríssimas fachadas de cinema concebidas em Arte Nova. Apresenta três vãos destinados à bilheteira (ao centro) e duas entradas (portas laterais), todos com bandeira em vidro, onde na central, da bilheteira, pode ler-se a designação do estabelecimento.
Emoldurando os três vãos existe uma rica decoração vegetalista em talha pintada de cor verde, bastante volumosa e sinuosa, à semelhança de caules de plantas. Dois painéis de azulejos polícromos de Q. Queriol, subordinados ao tema da luz elétrica, representando duas figuras femininas que seguram candeeiros, simbolizando a iluminação do mundo, com formas ondulantes, tons suaves e esbatidos, também eles com molduras entalhadas, separam os vãos, enquanto que dois espaços destinados aos cartazes cinematográficos surgem a ladear as portas.
Começou por ser o salão de cinema mais luxuoso da capital, apresentou, também, espectáculos de variedades e peças de teatro infantil, até que, a partir de 1994, passou a exibir espectáculos eróticos (peep show).
O edifício onde o Animatógrafo está instalado surgiu inserido na Lisboa Pombalina, que está classificada como Conjunto de Interesse Público.
(Fotos: Totonho Laprovitera)
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