Aparecida havia dito que não tinha cabra que desse no couro com ela, naquele forró. E tem mais, não existia quem fizesse novidade com ela, não, pois, “neste mundim de meu Deus, tá é pra nascer quem vai inventar o que ainda não lambisquei na vida”, falava.
Pois é, aí, chegou uma turma
divertida e afeita a desafios. Dela, dois se combinaram na seguinte ideia: Quando
o conjunto tocasse uma música que desse para dançar colado, Toinho tiraria a
experiente Aparecida para dançar, enquanto Zezinho ficaria no comando do efeito
especial. Assim que Toinho começasse a grudar, pinando na desfrutada senhorita,
com o telefone celular, no bolso de frente da calça – ligado no toque no “silencioso”
e no modo “vibrar” –, Zezinho faria a ligação telefônica. E assim foi feito.
Com a ligação, o telefone vibrou
encostado bem na beirada da virilha da cidadã que, sentindo aquele volume dando
tremeliques, num pulo de sobressalto nervoso, apartou-se e perguntou aos
berros:
- O que é que é isso, home?! O que é que é isso?!..
- Cuma?
- Paixão, que maravilha de absurdo de escandilice é essa que você pissui?!
Com os dentes no quarador,
Toinho ajeitou a calça pelo cós e respondeu:
- Você ainda não viu foi nada, princesa! É um bichim que até falar, fala!
"O tremelique" é um conto de Totonho Laprovitera.
(Ilustração: J. Borges)
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