Por Romeu Duarte.
"Há quem aprecie o feijão verde coberto de nata, repleto de queijo coalho e vitaminado com creme de leite. Confesso que tal acepipe nunca me encheu a boca d'água. Miesiano ('menos é mais') até na gastronomia, sempre gostei mais do feijão rústico, seja verde ou de corda, servido em seu próprio substancioso caldo, na companhia de alguma furtiva carne curtida e de alguns legumes necessários, tais como maxixe e quiabo.
Quem compartilha comigo este singelo gosto não pode deixar de conhecer o feijão do Vaval, simpático e musical bar postado na fronteira do Bairro de Fátima com Joaquim Távora, na Lauro Maia. Às segundas, dia de profissionais, é uma festa só para os sentidos, principalmente o paladar e a audição. Estive lá ontem, na companhia do proprietário e de alguns amigos que preferem o mundo real à tela da Rede Globo. Presentes, dentre outros, Totonho Laprovítera, Bosquinho, Maninho, Régis Soares, Chico Pio e Raimundo Fagner, este um habitué do estabelecimento.
Para equilibrar a terça, pedi um feijão ao Vaval. Grãos do Vigna unguiculata, deliciosamente cozidos em boa camaradagem com nacos de charque gordo, imersos num caldo suculento com pequenos pedaços de queijo, vieram dar à mesa, compondo o recheio de uma terrina de barro. Azeite Gallo e molho de pimenta acochado no conhaque, ambos à mão, não deu outra. A cana desceu redonda, escorregando nas gostosas favas, secundada por goles de uma Antárctica gelada no ponto.
Depois, foi ouvir o Chico Pio cantando suas belas canções (alô, alô, produtores musicais da terra, o homem é gênio). Com aula cedo no dia seguinte, chamei um táxi e parti na noite, meio a contragosto. A vida é boa quando se gosta dela."
(Foto: Google)
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