domingo, 20 de abril de 2014

Uma jaca para o Seu João


No bom Fiat 147 branco, de Fortaleza a João Pessoa fomos passear: eu, Téo e Toinho. Na estrada, o toca-fitas TKR “Cara Preta” dava um duro medonho com a Donna Summer se esgoelando em músicas de discoteca que o Téo adorava ouvir.

Toinho, por sua vez, dormia no banco de trás o sono dos inocentes, sonhando, na certa, em alguma estripulia que iria armar na capital paraibana.

Depois da rotatória da entrada de Natal, começamos a conversar sobre amigos pessoenses e o quanto era gente fina Seu João, pai da Help e da Silvana. Seu João gostava da gente, ao ponto de se abastecer com nossas bebidas preferidas para nos receber. E foi quando percebemos nossa mancada: iríamos visitá-lo e não estávamos levando nenhum presente para ele. Na hora, Toinho sugeriu presentearmos o amigo com uma jaca. Estranhamos a sugestão, mas ele nos convenceu por ser uma fruta saborosamente saudável e que encontraríamos por ali mesmo, na beira da rodagem. Concordamos e compramos o fruto da Artocarpus heterophyllus, vulgarmente conhecida como jaqueira.

Chegando a João Pessoa, a primeira coisa que fizemos foi ir à casa do Seu João. Ele não estava, mas, mesmo assim, deixamos o presente. Seguimos adiante e nos alojamos no apartamento do bom amigo Afonso, de onde desembestamos na farra até pegar o sol com a mão!

No dia seguinte, pense numa ressaca! Mas era uma ressaca tão grande, mas tão grande, daquelas que enchem os olhos de areia, dão gosto de corrimão de escada de cabaré na boca e fervilham o juízo de qualquer cristão. Apesar de todos os incômodos, decidimos rebater a desgraçada. Eu me resolvi por uma geladíssima cerveja, o Téo por um chá de boldo, e o Toinho por uma jaca! Aquela mesma que havíamos presenteado o nosso velho bom amigo.

Toinho, sem a menor cerimônia, bateu a porta da casa do Seu João, onde ele não se encontrava, entrou e pegou a jaca de volta. Num banco da praia comeu a fruta numa sentada! Até os caroços ele guardou nos bolsos para cozinhá-los no dia seguinte!

Do regalo, Seu João só provou de olhar, pois quando chegou em casa, a jaca na cozinha era o canto mais limpo!

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