Tom Jobim.
Em Natal, Chiquinho e Gera convidaram para o Carnatal os seguintes amigos: Luiz, Cid, Elias, Eliseu, Marcílio, Mário, Valtim e eu. Todos, com as respectivas consortes.
Na viagem, o animado grupo já fazia a base para enfrentar a micareta. Os brincantes chegaram animadíssimos e hospedaram-se num pequeno apart-hotel, na praia de Ponta Negra. Dos dez apartamentos do estabelecimento, o grupo ocupou nove, pois Eliseu acolheu-se na casa do primo Zé Plínio. À noite, no saguão do Cavernas, quando se preparavam para zarpar rumo à festa, o jornal da televisão noticiou o falecimento de Tom Jobim.
- Não é possível, morreu?! Exclamou Valter, soltando o cigarro e aflito esmurrando a mesa.
- Quem morreu, Valtim? Procurou saber Gera.
- Meu amigo Antonio Carlos Brasileiro de Almeida Jobim, o Tom Jobim...
- E era teu amigo? Perguntou Luiz.
- Mais do papai, desde o tempo da Guanabara... Bebiam juntos no Veloso e, por último, na Cobal.
- Taí que eu não sabia. Eu disse.
- É, como dizia meu velho dileto Vinícius...
- Que Vinícius? Inquiriu Elias.
- O de Moraes.
- Vinícius de Moraes?
- O próprio. Lembro bem:
“A bênção, maestro Antonio Carlos Jobim
Parceiro e amigo querido
Que viajastes tantas canções comigo
E ainda há tantas a viajar”
- Quer dizer que ele também era teu amigo? Interrogou Mário.
- Esse é que era mesmo. Uma vez a gente se encontrou num bar em Recife e ele até ofereceu um poema pra mim e pra Cláudia.
- Valtim, eu não sabia que você era entrosado com esse pessoal... Comentou Cid.
- Tudo começou com o João Gilberto. Imagina que quando eu, ainda criancinha, ia passar férias na casa do papai, lá na GB, ele e a turma toda, aparecia pra bater aquele papo. Quando já era tarde, eles pediam permissão para tocar violão e cantar. Papai deixava, desde que fosse baixinho, pois eu já estava dormindo e ele não queria que me acordassem. E não sei se por coincidência ou não, mas foi nessa época que apareceu a tal da Bossa Nova!
E durma-se com um barulho desses.
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