Edifício Beira Mar, na Avenida Cabo Branco, 2204, João Pessoa, Paraíba.
A Paraíba marcou muito a minha vida. Foi onde encontrei a certeza de ser artista e arquiteto.
Em João Pessoa, eu morei a maior parte do tempo dividindo um apartamento com mais cinco amigos: Wiron Batista, Toinho Martins, Julinho Otávio, Irineu Parente e Ricardo Grey. Antes disso, passaram em temporada: Gaubi Vaz, Ernani Rodrigues, Chico Edson (o Dunga), Zé Carlos Mororó, Zé Ramalho, Chico Miséria, Dedé de Orós, hippies e amigas e namoradas do Wiron. E eu ainda tinha o Fernando Candango como tutor. Daí, com um naipe de magote dessa estirpe, calculem as marmotas.
Certa vez, nem era dia 10 do mês e a grana da gente já estava miúda de um jeito que não dava pra comprar nem um Cibazol. Vagávamos em pensamento ideando como faríamos para tirar o bucho da miséria, pois, na nossa geladeira, afora as pilhas Rayovac recarregando, só tinha uma lata de azeite e uma cumbuca com farinha. E eis que encontramos a saída para nossa míngua: um concurso de culinária entre as empregadas domésticas do prédio!
Ora, não deu outra, o sucesso foi total. No grande dia, nos abancamos à mesa bem posta – com um lençol servindo de toalha – e recebemos os mais variados e saborosos pratos, com um caderno e caneta a mão, para darmos nota a cada candidata.
Ah, ia esquecendo, ainda cobramos taxa inscrição para o concurso!
Em tempo: Em um segundo momento, também moraram o Afonso Caldas, Helder e Paulo.
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