Tota Batista.
A festa era em Maceió e eu era o único artista que faltava chegar. Lá, já estavam Fagner, Naná, Manassés, Adelson, Peninha e outros. Haveria uma exposição de pinturas, onde Aldemir convidava a mim e ao Fagner, que faria o show musical após a abertura da nossa mostra.
Quando desembarquei, o Tota – que estreava como produtor artístico – já me esperava. Falando alto, chamava atenção no salão de desembarque por trajar um espalhafatoso macacão tingido de vermelho e usar um negro chapéu de abas bastante longas, que sombreava seu rosto protegido por óculos escuros parecidos com um para-brisa. No caminho, ele me detalhou todos os pormenores do que aconteceria naquela noite. Um primor de organização!
Ao chegarmos ao Matsubara, hotel que apoiava nosso evento, fui apresentado à simpática Dona Nair, proprietária e gerente da casa.
- Dona Nair, esse é o Laprovitera, o artista que faltava chegar. A Dona Nair é gente fina...
- Muito obrigado pela gentileza.
E continuou:
- Senhor Laprovitera, seja bem-vindo. É um prazer hospedá-lo. O apartamento do senhor encontra-se pronto e, por favor, o camareiro levará a sua bagagem e o conduzirá aos seus aposentos.
- Muito obrigado, senhora. Agradeci.
- Dona Nair, então, pronto. Agora fechou o grupo! Disse Tota, enquanto rabiscava uma folha de papel almaço.
- Sim, senhor Tota. Mais alguma coisa?
- Tem, ó, Dona Nair...
- Pois não, então me diga do que mais precisa.
- Dona Nair, é que eu passei o dia todim na correria... Será que dava pra senhora descolar um pratim de comida pra mim, que eu to mortim de fome, ó?
Dona Nair, educadamente, começou a providenciar o pedido do Tota. Eu, discretamente, o puxei de lado e comentei:
- Tota, rapaz, aqui você é um produtor de gabarito... Como é que o amigo faz um pedido tão fuleiro desse pra dona do hotel?
- Vixe, sócio, foi mal, ó? Melei...
E, como se consertasse:
- Dona Nair, olha, por favor, pode suspender a janta que a fome passou, ó?
(Foto: Acervo Tota Batista)
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