domingo, 8 de março de 2015

O susto do Airton

Airton.

É perfeito o almoço de domingo no apartamento de Carlos Augusto e Laéria! Lá, se come bem, se bebe também e a conversa, inteligentemente amena, rola farta na arte do bem receber do casal. 

Num dia desses, fomos convidados para nos deliciarmos com uns peixes que a dona da casa havia preparado. Eu e Elusa fomos os primeiros a chegar, depois o Levi e, por fim, o Airton. Estava formado o time, e logo o jogo começou com uma linha doida, ao som de música medieval. Discutíamos fatos, acontecimentos e ideias, quando tocou o telefone da casa. Para surpresa de todos, era para o Airton – psiquiatra a toda a hora de plantão. Uma paciente se agoniava do outro da linha e ele a orientava:

- O quê? Você tá na janela?! Saia imediatamente da janela, tá me ouvindo? Saia imediatamente da janela! Cadê seu marido? O quê? Você tá só em casa?! Saia imediatamente da janela!

Todos ficamos apreensivos com o acontecimento, e ele continuava:

- Você tá tomando os remédios, conforme eu passei? Sei, sei... Se acalme, se acalme... Não, não tem mais o que, não! Não, não, agora, saia imediatamente da janela! Vá pra bem longe dela!

O Airton continuava a orientar a paciente que queria lhe dizer algo e não conseguia. Até que enfim, resolveu ouvi-la:

- Sim, minha filha, pode dizer. Diga... Como é que é?! Não acredito... Quer dizer que você mora numa casa que nem sobrado tem?! Ô, alívio... Olhe, pode ficar na janela, viu? E assim que seu marido chegar, vá passear de carro...

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