Totonho Laprovitera, Diana e Humberto Cavalcante.
O querido Humbertinho Cavalcante se foi e nos deixa uma saudade sem fim. Amigo do peito, Humbertinho era a própria alegria de viver. Sua lista de amigos jamais parou de crescer, pois era da natureza dele a leveza da boa convivência.
Ainda menino, conheci Humbertinho e, a partir daqueles anos de 1960, nunca deixamos de festejar o nosso mútuo afeto. Dentre tantas passagens de nossa convivência, três episódios me assinalam a lembrança: A presença dele na festa hippie em minha casa; O privilégio de tê-lo na abertura de minha exposição em Lisboa; O seu convite e a realização da mostra de minha arte na programação dos 75 anos do Ideal, quando ele era presidente do clube. Bem, depois eu digo mais...
Humbertinho, em sua homenagem, mais uma vez, vou contar uma história que você dava o maior valor ouvir e pedia para eu repetir.
Festa hippie
Vindas do Rio de Janeiro, as irmãs Luciene, Guacira e Lucille sempre passavam as férias lá em casa. Em uma das vezes, elas resolveram promover uma festa hippie. Decoraram a casa com samburás, bolas e luzes de instalações natalinas, papel crepom, o escambal e, pronto, estava preparado o cenário!
A notícia correu solta e, mal anoiteceu, os convidados, ou não, começaram a chegar, enquanto as anfitriãs ainda engomavam as suas longas melenas entre folhas de jornais. Um dos primeiros a chegar foi Humbertinho, de óculos redondos e escuros, trajando um psicodélico bolero e uma extravagante calça boca-de-sino do tamanho dum bonde. Trazia no peito aberto um medalhão que mais parecia uma tampa de chaleira. A basta e longa cabeleira, ainda eriçada, era inspirada na Black Power do Toni Tornardo. Chamava atenção.
Ao som de Pata Pata, a alta fidelidade estrondeava e alucinava a festa. A bela e formosa loura Naná evoluía numa dança originalmente exótica que varria com os cabelos e encerava com as costas o brilhoso chão de taco da lotada sala de visita.
Não sei até que horas foi a animação, sei que até tarde não foi, pois, naquele tempo, a noite adormecia cedo nas casas de família e deixava a madrugada livre para o “queima raparigal”!
(Foto: Nely Rosa)
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