Era cedo do dia quando Carlos Luís me ligou para contar a novidade. Pois bem, toda melosa, a sua filha caçula pediu-lhe a seguinte permissão:
- Paizinho, o Júnior pode dormir essa noite aqui em casa?
- Minha filha, e quem é Júnior?
- Paizinho, o Júnior é meu namorado...
- Desde quando?
- Desde anteontem...
- E já quer dormir aqui?
- Sabe o que é, meu lindinho?
- Não, não sei.
- É que nós vamos a uma balada perto daqui de casa. Aí, é tão perigoso ele voltar pra casa dele, que é longe que só.
- É, mas, o galo da casa sou eu e aqui não tem vez pra frango, não!
- Eu sei, meu amor. Mas, é que eu tenho tanto medo que ele sofra um assalto, um acidente, sei lá...
- E aqui tem quarto sobrando pra acomodar o rapaz?
- Não vai ser preciso incomodar ninguém, paizinho...
- Ah, é?
- É, ele vai dormir no meu quarto.
- Na rede?
- Não, moreco, ele não dorme de rede.
- Sei...
- A gente dá um jeito de dividir a cama.
- Ah, sim...
- Tudo bem, dad?
- Bem, se é pra livrar o rapaz da violência que aflige a cidade... Tudo bem.
Decidida a questão, o genrão pernoitou na casa do sogrão. No dia seguinte, na hora do café matinal, Júnior chegou à mesa se espreguiçando, vestido com um curto e folgado calção, de pano leve, despontando o balançar de seus cavalares e másculos dotes. Aí, Carlos Luís, levantou-se e, prevenido, gritou:
- Tá armado?!
- Que é isso, tio? Bocejando, rebateu Júnior.
- Atenção, negada! Cuidado! Todo mundo com a bunda na parede!
- Papai! Exclamou a filha.
- Qualé, minha filha?! Do jeito que o jovem aí está se apresentando, é capaz dele querer pegar é a família toda!
- Papai! Tornou a exclamar a filha.
- Chega Joly, passa já pro quintal que, pelo visto, com ele nem cachorro escapa!
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