Aconteceu em 1986. Reunido com amigos, em um ensolarado sábado, eu estava numa barraca de praia, na maior animação do mundo. Aí, chegou uma autoridade do iniciante Governo das Mudanças e, me confundindo com alguém, cumprimentou-me na mais festiva saudação:
- Olha aí, quanta satisfação de encontrá-lo por aqui!
- Pois é, Secretário, ninguém é de ferro e o seu amigo aqui aproveitou a folga de hoje pra pegar uma praia! Aproveitando-me do engano, para me amostrar, emendei.
- Nada mais justo do que um dia de lazer para descansarmos da árdua jornada semanal de trabalho.
- Perfeitamente!
- E aí, concluíram o trabalho?
- Concluímos!
- E pintaram de que cor?
- De azul. Inventei.
- De azul?! Estranhou.
Daí, a autoridade assentou as ideias e caiu-lhe a ficha, acho, do seu equívoco.
Vaidoso por meu “prestígio”, depois de ser admirado pela minha importância, mudo, fiquei a cogitar: “O que causaria estranheza ao ser pintado de azul?”
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