domingo, 7 de agosto de 2016

Amor Febril


Aconteceu em meados dos anos 1990. 

Seu Polimário estava trabalhando em uma pequena cidade do interior cearense, onde a sua permanência, cada vez mais se estendia fora de casa. Dona Ilmar sua santa e dedicada esposa, achava a coisa mais natural do mundo o esforço da ausência de seu esposo em seu lar, pelo sustento da família. Mas, como dizem os analistas de plantão, “o que lasca um cidadão são as denúncias”.

Pois bem, não tardou, uma anônima ligação telefônica dedurou Seu Polimário à Dona Ilmar, acusando-o como violador e transgressor da regra de fidelidade conjugal. Ainda mais, que ele estava de namoro firme com Nayara Kércia, uma beldade do lugar, portanto, ferindo o princípio de não manter relações com outrem fora do casamento.

Indignada com a situação, decidida, Dona Ilmar tomou suas providências: foi bater na cidadezinha que fazia-se de paraíso para o casal Polí e Nayá. Fula da vida, para tomar satisfação e resolver o caso, seguiu direto à casa da moça e ao chegar com toda valentia, do portão, bateu palmas. 

- Ô de casa! 
- Já vai! Tô indo!
- Nayara Kércia está?
- Não tá, não. Tá na escola. 
- A senhora é o que dela?
- Mãe, por que? 
- Deixe-me me apresentar... 
- Pois não... 
- Sou Ilmar, esposa de Polimário! 
- Ah, do Seu Polí!
- A senhora sabia que a sua filha está namorando com o meu marido? 
- Sabia, sim... 
- E o que a senhora tem a dizer sobre isso?!
- Ah, que faz muito gosto à nossa família! 

Aí, diante de tal imprevisto, Dona Ilmar, meteu o rabo entre as perna e, reservadamente, foi embora, cantando Amor Febril!

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