Rejane Porto. |
Dei o maior valor ao seguinte texto da Rejane Porto:
“Êh, saudade...
Saudade do tempo em que acreditávamos:
- que a boneca Xuxa acordava e feria seu pescoço na madrugada;
- que o boneco Fofão era consagrado ao capeta e tinha uma espada por dentro da costura;
- que o disco do Roberto Carlos, quando girado ao contrário, tocava uma música do diabo;
- que se você virasse a pálpebra e o galo cantasse, ficaria cega;
- que se, a noite, um pássaro sobrevoasse sua casa e cantasse, alguém dali iria morrer;
- que a chinela virada adoecia a pessoa;
- que, quando duas pessoas falavam a mesma palavra ao mesmo tempo, tinham que pegar no verde ou dava dor de barriga;
- que, quando um fio de cabelo caia, você tinha que fazer o alfabeto nele para chegar à letra do futuro amado.
Saudades de um tempo onde a maldade era só ficção.”
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