O Telex era um sistema de comunicações bastante utilizado até ao final do século passado. Consistia numa rede mundial com terminais únicos – parecidos com máquinas de escrever – que se comunicavam em mensagens escritas e imediatas.
Para melhor aparelhar a empresa, os sócios Gera e Chiquinho adquiriram um aparelho de Telex, o que lhes foi, na época, um avanço nos serviços de mensagens e troca de informações, como ordens de compras, de pagamentos etc.
Dada a tamanha importância do aparelho, criaram até uma sala exclusiva para ele. E foi nela onde ocorreu a seguinte história:
Logo cedo, o destemido seu Raimundo procurou os patrões para contar o que havia acontecido de arrepiante em sua noite de vigia:
- Meus patrõezinhos, eu já vi de tudo nesse mundo de meu Deus. Mas, o que testemunhei nessa noite foi de fazer as pernas tremerem!
- E o que foi que aconteceu, seu Raimundo? indagou Gera.
- Olhe, patrãozinho, que eu não tenho medo de assombração, não...
- Assombração? inquiriu Chiquinho.
- Sim, meus patrõezinhos, foi o que eu vi essa noite!
- Conte!
- Meus doutores, já era quase madrugada quando vi um barulho na sala da máquina nova...
- E aí?
- Aí, quando eu fui ver que diacho era... Era a máquina escrevinhando sozinha! Sozinha, não!
- E quem estava na máquina?
- Com os olhos que a terra há de comer, só podia ser coisa de alma penada bulindo na máquina!
- E o senhor, o que fez?
- Peguei o revólver e apontei no rumo da máquina, mas, como estava um breu de escuro, tive medo de errar na alma e acertar na tadinha da máquina!
- Êita!
- Mas, pra acabar com a marmota da aparição, eu desliguei foi a máquina da tomada!
- Mas, seu Raimundo...
- Que que foi?
- A máquina nova é automática e quando parece que está escrevendo sozinha, na verdade, ela está é conectada à uma outra, com alguém escrevendo à distância, entendeu?
- Não.
- Bem, então, da próxima vez que ela estiver escrevendo sozinha, afaste-se dela e nem pensar em atirar, viu?
- Pode deixar, que daqui pra frente eu vou puxar é um rosário!
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