terça-feira, 5 de setembro de 2017

Sapatos


Eu estava para viajar e decidi separar a maioria dos meus sapatos – não eram tantos – para engraxar, durante a minha ausência. Daí, reuni-os em um grande saco plástico para o engraxate Chico pegá-los e realizar os serviços, lá em casa mesmo. 

Ao mesmo tempo, organizando as coisas do lar, minha mulher Elusa decidiu escolher algumas coisas que nos sobravam e doar para o projeto Emaús, que organiza com moradores da comunidade a coleta, reciclagem e venda de objetos usados, em bazares. 

Pois bem, deixando as devidas orientações com a nossa então colaboradora Ceiça, viajamos tranquilos. 

Passados alguns dias, retornamos e, puxando conversa, perguntei à Ceiça sobre os meus sapatos e, para espanto meu, ela respondeu: - “Ah, o Emaús levou junto com as coisas que a dona Elusa separou!” 

Surpreso, falei pra ela que aqueles sapatos não eram para doação, pois ainda estavam novos e me serviam. Ela, aflita, perguntou se eu queria que ela ligasse para o Emaús e reaver os sapatos. Eu, em momento de pleno desprendimento, matutei e falei: - “Não, Ceiça, deixa por lá mesmo. Alguém deve estar precisando mais do que eu. 

E assim, segui a vida, calçando o que me restou e me foi mais do que suficiente: um par de tênis, um de sapato e outro de chinela japonesa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário