Em meados dos anos 1970, em Fortaleza, a moçada de férias não perdia um dia sequer de praia no “Oi da Pedra”, defronte ao clube do Náutico. Na época, as meninas pudicas trajavam maiôs, as bem-comportadas “duas peças” – vindo do “engana mamãe”, que de frente parecia maiô, mas de costas um biquíni – e as “pra frentex”, biquínis – alguns, pasmem, de croché!
Aí, as peças foram diminuindo de tamanho, diminuindo, veio a tanga, até chegar a precursora do “fio dental”: a cavada “asa delta”! Ah, “asa delta”... Lembro demais de duas exuberantes garotas desfilando seus atributos pela praia. Com elas, arrancavam suspiros dos marmanjos e excitavam os imberbes que costumavam manufaturar seus prazeres através da imaginação. Em movimentos espontâneos, sincronizavam seus passeios sem fim, provocando olhares dos varões cobiçosos e invejosa censura do mulherio apoucado.
Uma era loura, a outra, morena. Naquele paraíso, pra cima e pra baixo, as duas sensualizavam suas exuberâncias de maneira natural, na candura de uma Eva a desconhecer o pecar. De olhos grelados nelas, sempre aparecia um Adão para lhes oferecer a derradeira maçã daquele éden. Enroscada no tronco do mais frondoso cajueiro do lugar, tesa a serpente sugeria que o bom da vida residia na desobediência aos princípios dos seus.
Nunca mais vi aquelas duas beldades – imagino-as hoje distintas senhoras – que encantaram uma geração inteira maravilhada com revistas masculinas de natureza sexual, de conteúdo considerado ingênuo para os dias de hoje.
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