segunda-feira, 10 de setembro de 2018

Argentário Lourico


Todo metido à bacana, Lourico tinha mania de grandeza e em nenhum momento ele deslembrava de se mostrar o que não era e estava longe de ser: rico. 

Quando ele namorou a formosa balzaquiana Marlene, ela comentava com as amigas: - “Meninas, o Lourico é muito simples mesmo! Um homem do quilate dele, com tantas posses e importância, sem a menor frescura, dispensa segurança e anda nos lugares comuns como fosse uma pessoa qualquer.” 

Já, na vez da oxigenada Ieda, auxiliar de enfermagem de mão cheia, ela comentava no plantão da Assistência Municipal: - “Ele disse que tem aquele jeito desconjuntado e o andar meio enviesado por causa de um acidente que sofreu esquiando. Fui perguntar se tinha sido em alguma lagoa ou no mar e ele respondeu que foi na neve, ó? Ô homem chique!” 

Quanto à cabeleireira Judite, ninfeta que nutre o sonho de ter o próprio salão de beleza: - “Mulher, o homem tem muita grana! Acredita que a gente estava almoçando na churrascaria, aí o celular tocou e era a gerente dele pedindo pra ele emprestar um dinheiro pro banco. Mulher, o homem é estribado e só fala de milhão pra cima!” 

Pois é, enquanto sua fama de argentário corria os quatro cantos da cidade, caxingando em ponto e vírgula, Lourico levava a vida de laçador em clínica popular, jogando muita conversa fora! 

Como dizia madame Sally, “desde que o mundo é mundo, enquanto existir otária, malandro nenhum fica sozinho.”

Nenhum comentário:

Postar um comentário