Sílvio Augusto e Moreira Brito. |
Passei uns três anos sofrendo de insônia, distúrbio que me agoniava bastante. Dela aprisionado, evitava os seus conselhos para atravessar as longas e silenciosas madrugadas. Aí, eu pegava o velho e devotado radinho de pilha, enfrentava o passar das horas e aproveitava o tempo para observar os costumes dos notívagos que perambulam pelo universo da solidão. Para não passar em branco, eu telefonava para o programa “Show da Madrugada” e registrava a minha audiência: - “Totonho, do Bairro Mucuripe.” Então, os radialistas travavam o seguinte diálogo:
- Moreira, você conhece esse ouvinte que liga todas as madrugadas?
- Não, Sílvio, mas sei que é amigo do meu irmão Roberto.
Curei-me da insônia – muito embora vez por outra eu tenha uma leve recaída – mas até hoje sinto saudade daquele programa radiofônico, de preciosa linguagem AM, tão identificada com o povo que dá o maior valor à naturalidade da fala simples e direta.
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