Como era de
costume, todos os sábados o Seu Aurélio subia a Serra da Meruoca, levando os
amigos Panário e Fartura. Uma vez, quando o Seu Aurélio foi buscar o Panário,
chegou, buzinou, buzinou, esperou e nada dele aparecer. Aí, pediu para o
Fartura chamá-lo. Fartura, da calçada, bateu à porta e gritou:
- Ô, Panário! - Em alto e impostado tom de voz.
- Tô no banheiro acabando de tomar banho, mas a
porta tá aberta! Pode entrar, que eu vou já, vou já!
- Tô entrando! - E entrou.
Na sala da casa, aconteceu dum morcego tirar um rasante na cabeça do Fartura que, de
gaiato, gritou:
- Chega,
Panário, o cupido fugiu da gaiola!
Panário,
alucinado pelo pássaro, mal se enrolou na toalha e, aflito, saiu gritando:
- Não
abra a porta, nem a janela, pro cupido não fugir! - Repetidas vezes.
Fartura,
gargalhando ao ver o aperreio do amigo desengonçado, prosseguiu com a sua
graça:
- Peraí, que eu vou buscar um cabo de vassoura pra
pegar ele!
- Não! Pelo amor de Deus, cabo de vassoura, não! Não vá
bater no bichim!
Pra encurtar
a história, a toalha caiu e a ficha também, quando o Panário viu o seu
verdadeiro cupido bem quieto e guardado na garbosa e espaçosa gaiola de
palitos! Nunca perdoou o Fartura pelo susto tomado.
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