quarta-feira, 9 de novembro de 2011

O cupido do Panário



Como era de costume, todos os sábados o Seu Aurélio subia a Serra da Meruoca, levando os amigos Panário e Fartura. Uma vez, quando o Seu Aurélio foi buscar o Panário, chegou, buzinou, buzinou, esperou e nada dele aparecer. Aí, pediu para o Fartura chamá-lo. Fartura, da calçada, bateu à porta e gritou:

- Ô, Panário! - Em alto e impostado tom de voz.
- Tô no banheiro acabando de tomar banho, mas a porta tá aberta! Pode entrar, que eu vou já, vou já!
- Tô entrando! - E entrou.

Na sala da casa, aconteceu dum morcego tirar um rasante na cabeça do Fartura que, de gaiato, gritou:

- Chega, Panário, o cupido fugiu da gaiola!

Panário, alucinado pelo pássaro, mal se enrolou na toalha e, aflito, saiu gritando:

- Não abra a porta, nem a janela, pro cupido não fugir! - Repetidas vezes.

Fartura, gargalhando ao ver o aperreio do amigo desengonçado, prosseguiu com a sua graça:

- Peraí, que eu vou buscar um cabo de vassoura pra pegar ele!
- Não! Pelo amor de Deus, cabo de vassoura, não! Não vá bater no bichim!

Pra encurtar a história, a toalha caiu e a ficha também, quando o Panário viu o seu verdadeiro cupido bem quieto e guardado na garbosa e espaçosa gaiola de palitos! Nunca perdoou o Fartura pelo susto tomado.

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