O boa praça Assis estava na conquista de mais uma jovem ninfeta:
- Sei que posso parecer um homem que tem muito a dizer...
- Tô vendo...
- Mas é que um amor não se conquista com poucas palavras...
- É verdade...
- Certa vez me perguntaram: “Assis, qual é mesmo a sua idade?”
- E o senhor?
- Senhor tá no céu. Por favor, Assis, Assizim ou até mesmo você. Mas senhor...
- Tudo bem, mas que foi que você respondeu?
- Melhor assim... Respondi: Tenho a idade da mulher que estou a amar.
- Que bonito.
- E real...
E assim começava a libidnosa conversa, qual uma peçonhenta serpente a armar o bote diante da encantada presa.
Lá pelas tantas, Assis pôs-se a iniciar a velha prática da fala do corpo. Suas mãos ousadas e experientes começaram então a traçar carícias ao redor do joelho da jovem, enquanto ao som do automóvel, balbucios e breves e entoados assobios acompanhavam a música romântica do programa de rádio da Samantha Marques.
Ao sinal fechado, ainda sem demonstrar qual rumo a seguir, Assis avançava a boba mão ao destino pretendido. E a conversa prosseguia:
- Nada como o viço da mocidade...
- E quem tá viçando? Comentou a jovem esboçando um pálido sorriso.
- Ehehehe... A ingenuidade brejeira emoldura no estampado do sorriso toda a tua sensualidade refletida pela luz do luar nessa pele de porcelana...
- Vixe...
E a mão já alcançava a parte interna das cochas da ninfeta.
- O nosso silêncio é muito significativo, pois ele é cúmplice dos nossos desejos.
- Não entendi, mas achei tão lindo... Muito romântico.
A escura rua era o cenário da mais íntima carícia. Sim, porque Assis já manejava por entre a calcinha e a púbis da garota.
- Pra você ver, amor, o quanto é prazeroso se entregar a um homem carinhoso e experiente.
- Como assim?
- Ora, como assim?
- Sim...
- Veja bem, repare, com um pouco de carícia e conversa sinto você excitada, molhadinha...
- Tô molhadinha não, amor, isso é um corrimento que eu tenho faz é tempo!
Assis, em gesto misto de surpresa e asco recuou abruptamente e, limpando a mão no tapete do piso do veículo, em reflexo contínuo, mirou o relógio e deu a deslavada desculpa:
- Êita, não acredito, já vai dar dez e meia?! Vou ter que ir embora! Não é que nem me lembrava de um compromisso inadiável que tenho agora e já estou atrasado!
Despachou a moça e pra casa meteu o pé na carreira!