domingo, 12 de outubro de 2014

Papo cabeça


Quando era menino, danado que só, brincando, de uma vez eu subi na escada do mezanino da garagem lá de casa e, ao descer de costas, sem olhar pra trás, perdi um degrau e caí, batendo com a nuca num engradado de madeira. Apaguei na hora e só fui tornar mais tarde, já sob os olhares dos meus pais e de um médico, chamado para me assistir. Examinado e medicado, tive muita sorte de não ter sofrido algo de grave, pois até de enferrujados pregos sobrando no engradado eu me livrei.

Agora, por que vocês acham que estou falando sobre esse meu desastre? Bem, é segredo, mas, vou contar.

Toda vez que experimento um chapéu ou boné, eu sinto a maior dificuldade em encontrar o número exato para a minha cabeça. E o interessante é que não tenho a cabeça grande, não. Muito embora, injustamente, na minha infância, eu já tenha sido arengado por diversas vezes sendo avocado pelo apelido de Cabeção. Quando era de Oião, tudo bem, até porque não condizia com a verdade, pois a viva expressão de meus olhos fazia com que eles parecessem graúdos. Quando era de Vela Branca, aí, eu nem ligava, afinal de contas, quando miúdo, chamavam-me carinhosamente de Branquidade. Tolas implicâncias, na época corriqueiras, que hoje chamam de bullying, né?

Pois bem, mas, voltando ao assunto da dimensão da minha caixa craniana, eu acho que o galo estabelecido pelo acidente supra citado solidificou e se tornou uma protuberância óssea no coco da minha cabeça, chega tem é Zé para um chapéu ou boné vestir facilmente o meu quengo.


(Imagem: Google)

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