Conforme havia sido combinado, Lorrane trabalharia de dia e estudaria à noite. No primeiro dia de aula, dona Emídia, pediu ao esposo Francisco para ele instruir a jovem sobre os perigos da noite na cidade grande, e assim foi feito:
- Lorrane, minha filha...
- Sim, “seu” Francisco...
- Lorrane, quero lhe ensinar o melhor caminho para você ir e voltar à escola.
- E qual é?
- Vá e volte pela Antonio Sales, que é iluminada e movimentada.
- Tá bem.
- E não invente de ir ou voltar pela Henriqueta Galeno, que tá escura, tá esquisita...
- Pode deixar, “seu” Francisco...
Dada a instrução, os patrões ficaram tranquilos. Porém, na noite do dia seguinte, Lorrane chegou em casa toda descabelada, com o vestido rasgado, toda azunhada e com o pescoço mordido!
- Lorrane, minha filha, pelo amor de Deus, o que foi que aconteceu?! Pergunto Francisco.
- Minha filha, pela Virgem Maria, o que foi que fizeram com você? Emendou dona Emídia.
- “Seu”Francisco, dona Emídia, um bicho véi me pegou!
- Onde?!
- Bem que o “seu” Francisco disse preu não andar pela aquela rua véia escura...
- Eu lhe disse! Pra que foi que você me desobedeceu?! Em tempo de morrer!
- Pois é, “seu” Francisco, fui desobedecer... Mas por sorte eu escapei...
- Como escapou?!
- “Seu” Francisco, escapei de morrer graças à minha... Da minha...
- “Da minha” o que, Lorrane?!
- Da minha...
- O que?!
- Se não fosse nela, o cabra véi tinha era furado o meu bucho!
- O que?!
- Era, sim, “seu” Francisco! Pense num cabra do bicho véi duro!
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