quinta-feira, 12 de julho de 2012

Derradeira e franca conversa


Zé Pitomba, no leito de morte, resolveu ter uma derradeira e franca conversa com Maria das Cruzes, sua santa esposa de toda a vida, sobre a fidelidade da mesma:

- Das Cruzes, pode falar sem receio... Já vou morrer mesmo e prefiro saber tudim direitim... Você arguma vez traiu eu?
- Ô Zé, num fala dessas coisa que eu tenho vergonha....
- Pode falar, mulé....
- Carece não...
- Ôxente, mulé, desembucha...
- Melhor deixar pra lá, Zé.
- Vai, conta...
- Quieto Zé, morre em paz...

Depois de muita insistência, ela resolveu abrir o jogo:

- Tá bom, Zé, vou contar, mas não responsabilizo...
- Pode contar...
- Oi, Zé, traí, sim, mas foi só três vez...
- Então, conta, mulé! Três vez nessa vida toda até que num foi muito!
- A primeira foi quando você foi pra fora daquele emprego que você brigou com o patrão.
- Ôxente, mas eu voltei de novo logo depois...
- Pois é, Zé... Eu fui lá palestrar com ele, acabei dando pra ele, e ele te chamou de volta.
- Ah, mulé, você foi muito boa comigo... Essa traição num dá nem pra levar à mal, pois foi pela necessidade da nossa família... Tá perdoada. E a segunda?
- Lembra quando você foi preso pro mode daquele furdunço que você aprontou na bodega?
- Lembro, mulé, mas num fiquei nem meio dia na cadeia.
- Pois é, Zé... Eu fui lá palestrar com delegado e acabei dando pra ele te soltar.
- Ê, mulé, isso nem conta também, não. A razão foi justa... Pensa, ficar preso lá um tempão. Você nem me traiu, foi pela nossa família e pela minha liberdade. E a última?
- Lembra quando você se candidatou pra vereador?
- Lembro, Das Cruzes... Quase me elegeram...
- Pois é... Eu que consegui aqueles 1.752 voto...

(Foto: Google)

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