Ação gigantesca
(Mário Gomes)
Beijei a boca da noite
E engoli milhões de estrelas.
Fiquei iluminado.
Bebi toda a água do oceano.
Devorei as florestas.
A Humanidade ajoelhou-se aos meus pés,
Pensando que era a hora do Juízo Final.
Apertei, com as mãos, a terra,
Derretendo-a.
As aves em sua totalidade,
Voaram para o Além.
Os animais caíram do abismo espacial.
Dei uma gargalhada cínica
E fui descansar na primeira nuvem
Que passava naquele dia
Em que o sol me olhava assustadoramente.
Fui dormir o sono da eternidade.
E me acordei mil anos depois,
Por detrás do Universo.
Esse poema ganhou o primeiro lugar no Festival de Poesia Cearense, de 1981.
Integrante da paisagem cultural de Fortaleza, Mario Ferreira Gomes (1947) se descobriu poeta aos 18 anos. Tendo como lema a liberdade, é autor de 8 livros e tem, pelo menos, duas biografias editadas.
(Foto: Google)
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