Raimundo.
Diz a Marta que, desde cedo, o Fagner é uma pessoa muito talentosa e determinada. Fazendo uso de suas aptidões com obstinação, aos nove anos de idade já tinha confeccionado seu primeiro carimbo. Aos dez, seu cartão de apresentação.
Ainda garoto, apresentou-se como calouro num programa de rádio, na PR-9, e cantando conquistou o notável prêmio de uma caixa de sabão Pavão. Na televisão, antiga TV Ceará Canal 2, inscreveu-se e foi selecionado para fazer um determinado papel na novela Oliver Twist, de Charles Dikens.
Pois bem, certa vez ele contou que, quando foi fazer a novela, ao vivo e em preto e branco, na época, sozinho deslocou-se de ônibus até a emissora. Chegando lá, após longa espera, veio o momento da sua participação. A cena: a punição do garoto, após alguma travessura, através de uma grande pisa. De cinturão e com direito no quengo a tapas e cascudos! Pensou em desistir, mas, não podendo voltar atrás, encarou a encenação. E tome peia no menino! O realismo empregado na cena foi exagerado.
Porém, ao terminar o escarcéu, veio o grande drama. Como encarar os amigos e os vizinhos depois de tão violenta e humilhante cena? No mínimo, era vaia e das grandes, na certa. Tomou a decisão: esperou passar o tempo e voltou pra casa já quase na hora do último ônibus da noite. Ao descer na parada mais próxima, observou o movimento da rua, das casas e, em felino silêncio, adentrou sorrateiramente ao seu lar, fugindo da vergonha que porventura viesse a lhe acontecer.
Livrou-se, pelo menos de imediato, do vexame da gozação da então meninada do pessoal da Raça Ruim da Lauro Maia.
(Foto: Acervo Raimundo Fagner)
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