sábado, 23 de junho de 2018

Pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico


Cheio de lero-lero, agamenete e todo metido a grã-fino, Edmarfy costumava zanzar pelo calçadão do Vila do Mar, na Barra do Ceará, de mãos bem dadas com a amada Leideday, uma piteuzinha com cara de criança e corpanzil de chacrete. 

Certa vez, o casal foi curtir o privilegiado pôr do sol do lugar. Aí, Leideday resolveu desfilar a sua aquilatada geografia, vestindo um acetinado collant amarelo lacerdinha, enfiado pelo cós de um miúdo short jeans, que deixava à mostra as amuras da sua abundosa padaria. 

Aí, quando o par passou por um atlético bando de mal-encarados, todos bombados, um deles soltou um arrastado assobio de soim para Leideday. Na hora, Edmarfy parou, atravancou o olhar, respirou como quem sofre de pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico e, todo arrochado, desafiou o bando: - “Pra quem foi mesmo esse coió?!” 

O mais forte deles se levantou, alongou o torado pescoço, buliu os bíceps e tríceps, inchou o peitoral tatuado com um desenho de vulcão e respondeu: - “Foi pra gatinha gostosa aí que tá com você, por que?!” 

Da cabeça aos pés, Edmarfy escaneou o brucutu e, dando uma de João-sem-braço, esquivou-se num fôlego só: - “Ah, ainda bem. Pensei que fosse pra mim...” E, todo macho, seguiu avexado com a amada ao som de uma desafinada sequência de debochados flatos bucais! 

Pra quem não sabe e quer saber, creia, de 46 letras e difícil que só de se pronunciar, o “palavrão” pneumoultramicroscopicossilicovulcanoconiótico significa pneumoconiose, ou seja, uma mazela pulmonar originada pela aspiração de cinzas vulcânicas.

(Foto: Marcos Linhares)

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