Não tem quem possa com a pose da Dra. Medeia! Importante que só, não abre mão de cumprir sua lotada agenda pessoal. Em seus abonados dias de “virose”, “enxaqueca” ou “labirintite”, dizem, um é no salão de beleza pra cuidar dos cabelos e das unhas, outro é na depilação pra fazer a encruzilhada, aí tem as compras nas lojas de departamento e boutiques da moda, passeio no shopping da vez, merenda na padaria chique e por aí vai. Só quer ser as pregas.
Na repartição onde trabalha, a vaidosa Dra. Medeia é a mandachuva! Respeitada e admirada por seus fiéis subordinados, se encastela em sua sala e tome conversa ao telefone! Afinal de contas, ela faz questão de estar com as fofocas em dia!
Dra. Medeia se diz sem tempo para quase tudo! Portanto, quando decide enfrentar o corrido e pesado expediente de labuta, na correria, despacha apenas o que lhe apetece. Atendendo à austeríssima peneira, só recebe a quem lhe for do seu interesse.
Há um bom tempo, Sitônio da Parangaba vem tentando resolver uma questão sua no juizado da poderosa Dra. Medeia. Após esperar a resolução do pleito há seis longos anos, o resignado cidadão mendiga a boa vontade da autoridade para assinar o já deliberado documento. Aí, ao pé do balcão de atendimento, depois de um “bom dia” ou “boa tarde”, o diálogo sempre assim se repete:
- O senhor é parte ou autor da questão?
- Parte interessada.
- Qual o número do processo?
- Este. – apontando uma folhinha de caderneta.
- Um instante, vou consultar.
- Grato.
Depois de alguns minutos:
- Pronto, ele está concluso.
- E o que falta?
- A doutora emitir o alvará.
- E quando ela vai emitir?
- Quando ela assinar.
- E quando ela vai assinar?
- Ah, aí eu não sei, mas, é assim mesmo. Todo processo demora.
- Êita, né sendo avexado, não, mas, é que a causa já foi julgada, ganhei, fiz acordo, a outra parte não honrou...
- Sei, sei...
- Posso falar com ela?
- O senhor é advogado?
- Não...
- Pois peça para seu advogado vir aqui que a doutora só recebe advogado.
- É, tá difícil...
- Mas, vou fazer o seguinte: vou deixar o processo na mesa dela.
- Mais uma vez... – pensando, em silêncio.
- É o que eu posso fazer. – continuou.
- Tá bem, obrigado...
E, mais uma vez, cantando Amor Febril, lá se foi o humilde Sitônio embora...
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