sábado, 3 de setembro de 2011

Carne de Pescoço

Carne de Pescoço, o livro.

Conheci o Zé Ramalho em 1977, quando ele estava indo da Paraíba para o Rio de Janeiro, onde iria prosseguir a sua carreira artística. Em 1981, nos reencontramos e ele me convidou para ilustrar o livro Carne de Pescoço, a ser publicado pela CBS, gravadora a qual era contratado.

Quando comecei a realizar as ilustrações, no início do livro, me chamou atenção a revelação de que o primeiro som que ele ouvia ao acordar era o do olho dele abrindo. Interessante.

Pois bem, eram dez capítulos e eu já havia ilustrado nove. Faltava o último, que trazia poemas familiares, cada um bem diferente do outro. Senti dificuldade, até que me deu um estalo e, em Sobral, na casa do Seu Aurélio, observei uma composição harmônica de uma vazia cadeira de balanço próxima à janela, que incluía um jarro de flores em seu peitoril. Ora, mandei brasa e retratei a cena.

Quando apresentei os desenhos, curiosamente, ele me perguntou sobre a ilustração da cadeira e eu, perguntando, respondi:

- Zé, tem cena mais familiar do que ler poemas sentado numa cadeira de balanço, à beira duma janela ornada com um jarro de flores?! É sentar e ler.

Ele riu, me deu a mão e brindamos às ilustrações, então.

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