"Quando a ciência se cala, a arte fala" (Vilanova Artigas)
Considerado um dos principais nomes da história da arquitetura de São Paulo, seja pelo conjunto de sua obra aí realizada, seja pela importância que teve na formação de toda uma geração de arquitetos, o curitibano João Batista Vilanova Artigas (1915-1985) foi um arquiteto cuja obra é associada ao movimento arquitetônico conhecido como Escola Paulista.
Graduando-se engenheiro-arquiteto pela Escola Politécnica da Universidade de São Paulo, ainda estudante, Artigas se envolveu com um grupo de artistas de vanguarda (dentre os quais destacar-se-ia mais tarde o pintor Alfredo Volpi) conhecido como Grupo Santa Helena, devido ao seu constante interesse pela atividade do desenho - tema cujo estudo viria a se tornar um dos elementos mais presentes em sua obra.
Tendo se tornado professor da Escola Politécnica, Artigas fez parte do grupo de professores que deu origem à Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAU). Tornou-se um dos professores mais envolvidos com os rumos desta nova escola: é de sua autoria o projeto de reforma curricular implantado na década de 1960 que redefiniria o perfil de profissional formado por aquela escola e foi responsável, junto ao arquiteto Carlos Cascaldi, pelo projeto da nova sede da Faculdade: um edifício localizado na Cidade Universitária Armando de Salles Oliveira que leva seu nome e sintetiza seu pensamento arquitetônico. A reforma curricular desenhada por Artigas foi também importante ao definir uma séria de novas possibilidades de prática e atuação profissional aos novos arquitetos, associando a eles áreas como o desenho industrial e a programação visual, a partir da crença de que tal profissional deveria participar ativamente no desenvolvimento de todos os processos industriais requeridos pelo projeto nacional-desenvolvimentista então em voga no país.
Em 1969, por determinação do regime militar vigente no país, foi afastado da FAU e obrigado a se exilar brevemente no Uruguai, devido à sua ligação com o Partido Comunista Brasileiro (PCB). Embora tenha vivido no Brasil na década de 1970, foi impedido de atuar plenamente pelo regime. Seu retorno à faculdade se deu em 1979 - fruto do processo de anistia instaurado no país a partir daquele ano - e foi celebrado pelos alunos. Continuaria a lecionar na FAUUSP até sua morte, em 1985, ano em que lhe é atribuído o cargo de professor titular. Ironicamente, neste período de redemocratização, foi professor da disciplina Estudos de Problemas Brasileiros, criada pela ditadura militar e imposta pelo regime às faculdades brasileiras como instrumento de controle ideológico. Durante este curso, subverteu o programa clássico da disciplina e levou à FAU diversas personalidades do mundo artístico, político e cultural, intelectuais de esquerda que também haviam sido perseguidos pelo regime, entre eles o pintor Aldemir Martins, o ator Juca de Oliveira e o então cardeal-arcebispo de São Paulo Dom Paulo Evaristo Arns.
Fonte: Wikipédia.
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