- Menino, compra um rolo de linha lá no Gerardo Magalhães!
Conta-nos Plínio Magalhães que era assim que a
maioria das mães mandava seus filhos irem ao estabelecimento comercial do Seu
Gerardo Magalhães.
“Não é o ângulo reto que me atrai, nem a linha reta, dura, inflexível criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual. A curva que encontro nas montanhas do meu país, na mulher preferida, nas nuvens do céu, nas ondas do mar. De curvas é feito todo o universo. O universo curvo de Einstein.” (Oscar Niemeyer)
Das tantas vezes que fui à Viçosa do Ceará,
uma das mais marcantes foi quando da cerimônia de inauguração da urbanização da
Igreja do Céu, projeto de minha autoria. Pois bem, passada a solenidade, com
direito à hasteamento das bandeiras ao som do Hino Nacional, discursos vários,
descerramento de placa, busto e tudo mais, encerradas as formalidades, fui
convidado pelo Adail Fontenele a festejar o feito na bodega do Seu Gerardo.
Quando adentrei à acolhedora casa, me saltou
aos olhos o belo e sinuoso balcão de madeira, serpentinamente amoldado ao salão,
que me fez lembrar das ousadas e engenhosas curvas nas obras de Oscar
Niemeyer.
A saudosa bodega do Seu Gerardo Magalhães virou um armarinho.
Acotovelando-me no universo curvo do balcão
do Seu Gerardo, eu não me senti dividindo um lugar com ninguém. Senti-me, sim, somando em
um ambiente que multiplicava o tempo todo o hábito da excelência dos bate-papos. Lá, foi onde
percebi que o melodioso clima de Viçosa procede do equilíbrio entre o frio da
atmosfera da cidade e o calor da fineza da sua gente.
Pois é, visitar o balcão do Seu Gerardo
Magalhães me foi uma autêntica aula de arquitetura e vida.
Afinal de contas, o balcão não era um balcão,
era um altar!
(Fotos: Plínio Magalhães)
Do Pedro Gurjão: "Tentei postar no seu Blog, mas uma complicação (escolha do perfil) não deixou.
ResponderExcluirMeu comentário é este: Muita beleza junta, Totonho Laprovitera. Essa bodega do Gerardo Magalhães, sim, deveria ser tombada. Patrimônio afetivo da humanidade!"