Ricardão deixou de andar pelo bar do Juvenal, ali, perto da linha do trem. O motivo arrazoado era a volta de um cheque pago na conta de duas geladíssimas cervejas e cinco fichas de sinuca.
Se tinha uma coisa que Juvenal não perdoava em seu bar, era conta não paga. Portanto, o cheque do Ricardão foi devidamente pregado no quadro de honra dos velhacos do lugar.
Como notícia ruim voa e se espalha ligeiro, Ricardão era informado o tempo todo sobre a existência do tal cheque no Juvenal. Azucrinado com tal situação, ele pediu ao sócio Bigode o obséquio de ir ao intolerante estabelecimento para efetuar o resgate daquela mal sucedida ordem de pagamento.
Sem muito tempo, avexado, Bigode chegou no Juvenal, abancou-se no apoucado e cheio salão, chamou o garçom, pediu uma cerveja, duas, três, criou coragem e solicitou a conta.
- E por favor, some à dolorosa o valor daquele cheque de tantos poucos reais.
- Patrão, aqui, resgate de cheque, só com gaita viva, em espécie.
- Taqui, ouvindo a conversa... [Folheando as trocadas cédulas]
Grana pra lá, conta cá, o garçom foi ao quadro de honra, tirou o cheque e entregou ao Bigode. Daí, o amplo silêncio que assistia aquela cena só foi quebrado quando Bigode, já na calçada, indo embora, em coro foi saudado pela canalha:
- Já vai, né, velhaco?! Pensava que a gente não tava vendo!
E a vaia comeu de esmola!
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