Era uma vez a raposa faminta, que há dias não conseguia caçar nada. Então, ela resolveu sair da mata e chegando a um sítio avistou uma galinha. Como estava fraca pela fome, achou melhor poupar as forças e passar a conversa na galinha. E, sorrateira, começou com a lábia:
- Olá! Estou perdida e preciso chegar à cidade, mas acho que errei o caminho. Poderia me ajudar?
- Você tem que pegar a estrada depois do riacho. Disse a galinha, olhando para os lados à procura de uma saída pra escapar.
- Não conheço o riacho, você poderia me acompanhar até lá? Argumentou a raposa, avançando um passo.
- Aliás, poderíamos ir conversando. Adoraria me acompanhar de uma ave tão simpática, tão bonita...
- Não! Digo... Sinto muito, mas não posso sair daqui. A não ser... A não ser que o galo me autorize, ou melhor, talvez ele possa te acompanhar...
Ouvindo de longe, o galo estufou o peito e foi conferir com quem a galinha estava conversando. Ao ver a raposa sua coragem sumiu. Abaixou a crista e se escondeu na primeira moita que achou. Enquanto a raposa insistia na conversa fiada, esperando o momento para atacar, a galinha pensou num jeito de sair dessa sozinha. A raposa achando estar próxima do seu objetivo, arriscou mais uma frase:
- Bora lá, me leve até a estrada, nós vamos conversando um pouco e você volta ligeirinho. O galo nem vai notar...
Mal terminou suas palavras, a raposa atacou. Assustada, a galinha deu um pulo, bateu suas asas em desespero em direção à moita e suas penas voaram. Correu para um lado, para o outro, fazendo o maior deus-nos-acuda.
A raposa saltou pra cima dela, mas era tanta pena voando que nada enxergou. Já sem força, com a boca cheia de penas, tossiu tanto que ficou sem ar. Nessa confusão toda, o cachorro ouviu e veio em disparada, pondo a raposa para correr que, cansada e acabrunhada, voltou para a mata para mais um dia em jejum.
Moral da história: Nem toda galinha se deixa ser comida, mesmo depois uma boa conversa.
Fábula enviada por Toinho do Anapion, de Jati.