sábado, 30 de setembro de 2017

Pensando bem...

Tantas artes


Quando me perguntam sobre como consigo dar conta de tantos ofícios, eu respondo: Nasci artista e me formei arquiteto. Graças ao meu aprendizado de metodologia de projeto, eu sei me organizar nas ideias, concepção, expressão e produção das minhas diversas artes. E, curiosamente, quando me falta tempo, aí, simplesmente, eu crio universos! 

Sabe, eu me sinto abençoado por ser filho da Arte e ela, como boa mãe, me é acolhedora, generosa e amorosa. Agora, tá certo que conto com o auxílio do vivo pássaro da inspiração em meu intenso processo criativo, mas também colaboro, pois, eu o espero acordado e trabalhando. Então, permito que a bendita ave pouse em minha cabeça e faça um ninho de ideias, para depois alçarmos infinitos voos pelos céus da criação, sem pressa ou medo dos desejos, das tentações e de ser feliz. 

(Foto: Baladain / Rogério Lima)

sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Ex-baterista do Rei


Tio dos irmãos Gordo e Capote, Paulinho era cheio de conversa para queixar as empregadas domésticas em suas cercanias, pela Avenida Dom Manoel. Para atacá-las, cheio de trejeitos, ele fazia uso de um carregado sotaque carioca e se apresentava como ex-baterista do conjunto do Roberto Carlos. Ora, era tiro e queda! 

Certa vez, useiro e vezeiro no artifício do floreado galanteio, assim Paulinho investiu na conquista de uma das donzelas: 

- Boa noite. 
- Boa... 
- Por acaso, você tem um mapa? 
- Não, por quê? 
- Porque me perdi no brilho dos seus olhos. 
- Vaila... 
- Olha, broto, eu passei muito tempo fora daqui, morando no Rio de Janeiro e viajando Brasil afora com o Rei, à trabalho, é claro. Mas vou te dizer uma coisa... 
- Ãh?
- Vai, me chama de capeta e deixa te possuir... 
- Pra lá... 
- Olha, você não é a Garota de Ipanema, mas é a coisa mais linda e cheia de graça que já vi... 
- Nã! 
- Você gosta de Toddy? 
- Gosto, por que? 
- Porque se você quiser eu posso ser Toddynho seu. 
- Engraçadim... 
- Me chama de relógio e tira o meu atraso, sua linda! 
- Marrapá... 
- Papo de urubu, pena de galinha, se você quer um beijinho dê uma risadinha! 
- Aí dento... 
- Broto, já vi que tô sem chance... 
- Vaza, carniça!

E assim foi. É que nem sempre as investidas do conquistador Paulinho, o ex-baterista do Rei, logravam êxito.

quinta-feira, 28 de setembro de 2017

Rosinha


Lembro das noites de sexta e sábado, dos meados dos anos 70 aos 80, quando era costume dos fortalezenses frequentar as mesinhas da Avenida Beira Mar. Nelas, comumente, com seu inconfundível violão, aparecia o Assum Preto nas rodas musicais, interpretando a irreverente canção “Rosinha”. 

Não sei ao certo quem é o autor de “Rosinha” – seria Ary Toledo? – mas o Assum cantava assim: 

“Vou construir minha casinha / lá no alto do cerrado, / mas eu só levo a Rosinha / depois de tudo acabado...
É feita de pau-a-pique, / colada com Eucatex, / na parede tem quadrinhos / presos com fita Durex
Tem fio pra todo lado, / só falta eletricidade, / mas não demora ela chega, / vem junto com a cidade... 
Aí eu vendo essa merda, / encho o cu de dinheiro, / e a Rosinha que se foda, / quiser vá morar lá num puteiro!”

quarta-feira, 27 de setembro de 2017

Leonilson

Leonilson.

José Leonilson (1957-1993) foi um prodigioso artista plástico de grande talento e que faz um enorme sucesso até os dias de hoje. 

Conheci Leonilson no início da década de 80, quando chegamos até a dividir um livro de registro de visitantes, na casa de Bete e Ricardo Bezerra, na Maraponga, com desenhos em páginas vizinhas. 

Lembro que, em um certo instante, estávamos conversando no alpendre, quando ouvimos uns diferentes acordes do piano na sala. Aí, Leonilson comentou: - "Que som incrível o Ricardo está tirando! Vamos ver..." Fomos e, para nossa surpresa, o Ricardo não estava ao piano, era o gato da casa passeando sobre o teclado do instrumento musical!

terça-feira, 26 de setembro de 2017


Na Rua do Ouvidor, no Rio de Janeiro, meu amigo Zé véi de guerra, um cabra pai-d'égua e um ser altamente musical! Dei valor! 

José Milton é um dos produtores mais respeitados e atuantes na Música Popular Brasileira. 

(Vídeo: Acervo José Milton Pinho)

segunda-feira, 25 de setembro de 2017

Voz


Vestida com uma apapagaiada blusa customizada e uma colorida calça legging fusô queimando arroz, toda de flozô, a moça parecia estar ariada e aperreada do quengo. 

Escondendo o olhar por traz dos espalhafatosos óculos de lentes espelhadas azuis, ao arrodear para furar a fila do ônibus, no Terminal do Papicu, ela levou um cagaço do tamanho dum bonde, seguido de uma debochada vaia. Aí, fumando numa quenga, capou o gato com o rabo entre as pernas.

Avexada, a moça deixou cair no chão uma caderneta que me fez deduzir que ela seria uma devota cantora ou carola locutora, pois assim estava escrito na capa: “Senhor, meu Deus, eu confio em Voz.”

domingo, 24 de setembro de 2017

Fortaleza na Série B


Em 2018, ano do nosso Centenário, subiremos para a Série A! 

(Foto: Diário do Nordeste)

Jet Ski


Meu amigo Bosquito tá vendendo esse Jet Ski seminovo e muito bem conservado! Consulta de preço "in box".

sábado, 23 de setembro de 2017

Chupeta


De tão bem sucedido na capital alencarina – Fortaleza! – Arizinho foi tentar a sorte pelas bandas de São Paulo. Para tanto, em sua estratégia de apresentação pessoal, decidiu se vestir de grife e andar em um luxuoso automóvel Mercedes Benz S 500 L. 

Daí, com pinta de empresário de sucesso, soube conseguir bons negócios. 

Certa vez, acompanhado de uns conterrâneos em busca de novos mercados, quando Arizinho seguia a um determinado parque industrial, o tal automóvel morreu, por prego de bateria. Daí, ele e os passageiros desceram do veículo para resolver o que fariam para solucionar o problema. 

Não tardou muito, parou ao acostamento da via um carro idêntico ao dele. Desceu um elegante senhor, trajado de um bem cortado terno escuro de extraordinário caimento, que, educadamente saudou e perguntou se o grupo de cearenses necessitava de alguma coisa. Arizinho se aproximou dele e sorrindo respondeu: - “Sim, meu patrão, precisamos de uma chupeta!” 

O cidadão deu um passo pra trás, fechou a cara e, de dedo em riste, disparou: - “Seu idiota mal-educado duma figa, eu lhe presto solidariedade e você me vem com indecência?! 

Bem, no Ceará, “chupeta” também é uma ligação que se faz entre uma bateria automotiva carregada e outra descarregada, para dar a partida ao motor. 

(Imagem: Google)

sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Romeno


Indagada se ela era fluente na língua inglesa, a simpática Liana respondeu: - “Marromeno.” 

Aí, o interlocutor, meio que mouco, tornou a perguntar: - “Ah, então a senhorita quer dizer que a sua fluência é mais romena?”

quinta-feira, 21 de setembro de 2017

Lorrane


Mal havia chegado do interior, Lorrane já era a sensação da rua. Ainda menor de idade, havia vindo para uma casa de família, em Fortaleza, para trabalhar de dia e estudar à noite. 

Não tardou de Lorrane fazer amizades. “Seu” Francisco, o patrão, preocupado com o comportamento da moça, advertiu-a: 

- Lorrane, minha filha, você é inocente...
- Cuma? 
- Ingênua... Quer dizer, bobinha... 
- Eu? 
- Sim. Olha aqui, na cidade grande as coisas são diferentes. 
- E é?
- São, sim. Estou lhe falando isso porque estou vendo que você está saindo com amigas que mal conhece. 
- Marromeno... 
- Vai ver que você já está indo para alguma festa. 
- Tô, sim. 
- Vai ver que você já está até namorando... 
- Ah, bom, “seu” Francisco! 
- “Ah, bom” o que? 
- “Seu” Francisco, eu inté já fudo!

quarta-feira, 20 de setembro de 2017

Relação afetiva


E Leonildo se encontrou com o velho amigo Ariosvaldo, que estava decidido a largar a patroa por uma "tijubina" – como ele se refere às garotinhas – bem novinha!

- Ari, esse negócio de querer namorar menina novinha não dá certo. 
- Como não, Leó?
- Vai que tu fica com ela... 
- E o que é que tem?
- Ora, não seja besta, meu camarada, menina nova não lava cueca cagada de véi, não... 
- Conversa besta é essa, seu baitinga? 
- E tem mais... 
- Tem mais o que? 
- Aprenda... 
- Desembucha, macho. 
- Uma relação afetiva tem quatro fases... 
- Lá vem besteira... 
- A da paixão, a do amor, da amizade e a da pre-vi-dên-cia-a! 
- Vá dá esse sedém, vá! 
- Olha, depois, não vá dizer que não avisei... 
- Aí dentro!

terça-feira, 19 de setembro de 2017

Doidim por toicim


Quando fui passar um final de semana em Viçosa do Ceará, o nosso anfitrião Humberto Pinho logo advertiu ao folclórico Hildo – assim batizado em homenagem ao Dr. Hildo Pinho – que não me pedisse dinheiro.

Ora, já no primeiro dia, cedo da manhã, quando fui pegar um ar na calçada da casa, Hildo foi logo me pedindo um real pra comprar toicinho. Entretanto, ele não contava com a inesperada chegada de Humbertinho, que surgiu na sua retaguarda já balançando a cabeça em sinal de censura. Ali, pego em flagrante, Hildo disparou: - “Diz aí, Humbertim, eu não sou doidim por toicim?!”

segunda-feira, 18 de setembro de 2017

Os números mentem


Além de inventar números inexistentes, o criativo Agamenon está escrevendo “Como Mentir e Inventar Estatísticas”, um livro de fazer corar qualquer instituto de pesquisa aplicada. 

Gaba-se Agamenon, metido a marqueteiro e na maior naturalidade do mundo, que tudo o que criou até hoje foi de acordo com os caprichos dos discursos de seus chefes políticos. Porém, pelo menos em uma das municipalidades que prestava assessoria e consultoria, ele aloprou nos números, ao garantir que a taxa de alfabetização do município era de 110%! 

Pois é, se a cartomante diz que “as cartas não mentem jamais”, o mesmo assegura Agamenon com as suas fidedignas pesquisas e seus extraordinários números! E segreda: “Como qualquer pessoa cuidadosa sabe, as estatísticas podem ser bem difíceis de interpretar se você não tiver um conhecimento prévio. Então, para fabricar estatísticas enganosas e usar essa ciência, existem três modelos de mentir: usando as médias; usando conjuntos de dados; e utilizando gráficos. Agora, se você quiser convencer alguém de algo absurdo, coloque um número, pois eles desligam nossas faculdades críticas. E tem mais, essa mentira pode até  prêmio para a prefeitura do lugar!” 

A quem interessar possa, Agamenon não tem planos de se aposentar.

domingo, 17 de setembro de 2017

Sobralidade


Lendo sobre o relançamento do livro “O Cearense”, de Parsifal Barroso, lembrei que a expressão “sobralidade” foi cunhada pelo ex-governador, para exprimir o sentimento de amor e compromisso à cidade de Sobral.

sábado, 16 de setembro de 2017

Sobre pressa

“Me perdoe a pressa, / é a alma dos nossos negócios / Oh! Não tem de quê, / eu também só ando a cem...”, na voz de Raimundo Fagner, tocava no rádio a canção “Sinal Fechado”, de Paulinho da Viola. 

Aí, lembrei de uma passagem em que diante da necessidade súbita de fazer alguma coisa urgente, Napoleão Bonaparte haveria dito: - "Devagar, que eu tenho pressa." 

Já, José Saramago sentenciou: - “Não tenhamos pressa, mas não percamos tempo.”

Por fim, contou Toim da Meruoca: - “De tão apressada, a pressa perdeu um ‘esse’ e virou presa!” 

sexta-feira, 15 de setembro de 2017

Super-Homem


Atingido, de cheio, com uma pedrada de kyptonita atirada por uma possante baladeira cósmica que pegou bem na titela, da cidade norte-americana de Metropolis, o fuleiro Super-Homem capou o gato e veio voando bater em Fortaleza para escapar dos vilões Lex Luthor e Dr. Octopus.

Aqui, pegou uma chikungunya, ficou com a espinhela caída e, se queimando de febre, com os teréns murchos.

Dizem que, quando ficar bom, ele vai tentar a sorte pastorando carro na feira da Zé Avelino.


quinta-feira, 14 de setembro de 2017

Tempo do rádio


Teve um tempo em que o rádio reinava nas comunicações e entretenimento de qualquer lugar do mundo. 

Em Fortaleza, lembro que na casa do meu avô Miguel, na Rua Visconde Saboya, tinha um ambiente especial em que entre duas confortáveis e estilosas cadeiras de balanço – daquelas de madeira e palhinha – havia encostada na parede uma mesa para o aparelho de rádio Semp à válvula. 

Até a televisão chegar, era o lugar onde ele e Vovó Marianna se atualizavam das notícias, assistiam aos programas de auditório e ouviam um pouco de música.

quarta-feira, 13 de setembro de 2017

Tratamento afetivo


Conta “seu” Sebastião, residente do distrito de Arisco dos Marianos, em Ocara, no interior do Ceará, que na relação matrimonial de seu vizinho, o tratamento afetivo com a esposa sempre foi baseado em bichos e, ao longo do tempo, eles foram aumentando de tamanho. 

E diz: - “Quando era bem novinha, ele chamava ela de ‘gatinha’. Depois, era de ‘cabritinha’... Aí o tempo foi passando, passando, e ele passou a chamar de ‘onça’, ‘anta’, ‘jumenta’, ‘égua’, ‘vaca’ e ‘baleia’! É, um cabra desse, sem-vergonha, por não saber tratar direito a mulher, merecia ser muito era corno!”

terça-feira, 12 de setembro de 2017

Uma língua

Da esquerda pra direita: Totonho, Guto, Valéria, Edgar e Gera.

No início dos anos 1970 eu acompanhei o Guto Benevides, Gera Teixeira e Edgar Macedo em uma entrevista para o bem-conceituado “Tabloide TC”, com a travesti Valéria, que se hospedava no Hotel Beira Mar, por conta de um show que iria apresentar em Fortaleza. 

Nas décadas de 1960 e 1970, admiradas pelo público em geral, Valéria, Rogéria e tantas outras eram artistas respeitadas no Brasil, sendo comumente convidadas a participar de programas de televisão. 

Pois bem. Mal iniciou, o tom do entrevista já apimentou. E lá pelas tantas, quando chegou a hora do pingue-pongue, o Guto falou para Valéria “uma língua” e ela, de pronto, citou: - “A que os antigos usavam pra falar.“ 

Sobre Valéria, soube que depois ela se mudou para Paris, onde fez sucesso como estrela de clubes noturnos. Matrimoniou-se com um endinheirado que veio a ser sócio de uma conhecida rede hoteleira e, por conta disso, acabou indo morar em Salvador no final dos anos 90. 

(Foto: Tabloide TC)

segunda-feira, 11 de setembro de 2017

Arte!


É por isso que digo e repito: Se Deus é Pai, a Arte é Mãe e nos torna irmãos na prática do bem!

Papo de futebol

À José Rebouças Neto.

Ney Rebouças.

Aconteceu no início dos anos 80.

Castor de Andrade, presidente do Bangu Atlético Clube, veio do Rio de Janeiro para tratar de um assunto futebolístico com Ney Rebouças, presidente do Fortaleza Esporte Clube. A reunião se deu em uma famosa peixada da Avenida Beira Mar. 

Logo aos cinco minutos do primeiro tempo de conversa, Castor revelou a razão de sua vinda à Fortaleza: seu interesse pela compra do jogador Luizinho das Arábias, que estava “arrebentando” no campeonato cearense. 

Ney, que naquela época havia formado um time chamado de “Seleção do Nordeste”, olhou nos olhos de Castor e falou: - “Olha, Castor, pra lhe falar a verdade, estou surpreso! Eu achava que você havia vindo aqui para me oferecer o Arturzinho!” 

Em tempo: O craque Arturzinho era o principal jogador do Bangu.

domingo, 10 de setembro de 2017

Ver so

Totonho Laprovitera - Três inspirações - 2016 - Nanquim sobre papel.

Ver so 
(Totonho Laprovitera)

O que une o verso 
universo me é 
na rede, poesia 
a embalar 
meu canto, 
no canto da casa
canção se faz 

Ave canora 
a voejar 
no farol do tempo 
breve e infinito, 
em todos os céus, 
com todas as letras
dos ares do mar