sexta-feira, 29 de setembro de 2017

Ex-baterista do Rei


Tio dos irmãos Gordo e Capote, Paulinho era cheio de conversa para queixar as empregadas domésticas em suas cercanias, pela Avenida Dom Manoel. Para atacá-las, cheio de trejeitos, ele fazia uso de um carregado sotaque carioca e se apresentava como ex-baterista do conjunto do Roberto Carlos. Ora, era tiro e queda! 

Certa vez, useiro e vezeiro no artifício do floreado galanteio, assim Paulinho investiu na conquista de uma das donzelas: 

- Boa noite. 
- Boa... 
- Por acaso, você tem um mapa? 
- Não, por quê? 
- Porque me perdi no brilho dos seus olhos. 
- Vaila... 
- Olha, broto, eu passei muito tempo fora daqui, morando no Rio de Janeiro e viajando Brasil afora com o Rei, à trabalho, é claro. Mas vou te dizer uma coisa... 
- Ãh?
- Vai, me chama de capeta e deixa te possuir... 
- Pra lá... 
- Olha, você não é a Garota de Ipanema, mas é a coisa mais linda e cheia de graça que já vi... 
- Nã! 
- Você gosta de Toddy? 
- Gosto, por que? 
- Porque se você quiser eu posso ser Toddynho seu. 
- Engraçadim... 
- Me chama de relógio e tira o meu atraso, sua linda! 
- Marrapá... 
- Papo de urubu, pena de galinha, se você quer um beijinho dê uma risadinha! 
- Aí dento... 
- Broto, já vi que tô sem chance... 
- Vaza, carniça!

E assim foi. É que nem sempre as investidas do conquistador Paulinho, o ex-baterista do Rei, logravam êxito.

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