COURO DO
ESPINHAÇO
(Chico Pio / Totonho Laprovitera)
No mormaço ardente do roçado,
eu já estou com os dente enferrujado
e a barriga no couro do espinhaço
Ferroando a fera onde passo...
Não deixo meu sertão, seu moço!
Nem que eu tenha de ficar sozinho
feito bicho acuado entristecido,
os meus versos livres e cerzidos
Vou ficando despreocupado...
Não deixo meu sertão, seu moço!
Tô montado no lombo do boi,
majestoso galope sem traçado
Peia, espora, arreio, não sou gado
Mata-pasto florado do agreste...
Não deixo meu sertão, seu moço!
Se eu pudesse escolher meu destino,
outra vida inteira viveria
sem perigo talvez sobreviveria
Sabe Deus por onde andaria,
minha sina é cantar noite e dia
Não deixo meu sertão, seu moço!
(De fome eu não morro, não, seu moço)