sexta-feira, 30 de junho de 2017

Toque aqui!


“Toque aqui! Destá que eu toco só!” 

A brincadeira era desse jeito. A gente chegava e, em sinal de oferecimento, estirava a mão e dizia: - “Toque aqui!” 

Aí, quando a pessoa esticava a mão, nós recuávamos e em gestos de “tocar violão”, dizíamos: - “Destá que eu toco só!” 

Brincadeira de menino, que eu agora me lembrei...

quinta-feira, 29 de junho de 2017

Galo fora de hora


Sei não, mas será que o galo canta pela manhã porque sabe as horas ou somente reage a um estímulo ambiental, como a luz do sol que no amanhecer? 

Pois é, dizem que os galos cantam todos os dias pela manhã, mas esse não é o único horário em que eles cantam, não. Por exemplo, luzes acesas e barulhos altos são tidos para eles uma ameaça. Aí, por acharem que estão correndo perigo, cantam para mostrar quem é que manda no terreiro. 

Agora, perto daqui de casa, no Mucuripe, há um que só canta fora de hora e ainda conta com a companhia de um outro desafinadíssimo.

quarta-feira, 28 de junho de 2017

Vida mansa


A novidade é a seguinte. Para escapar do corre-corre dos seus múltiplos afazeres empresariais, o portentoso Vaval tem se mandado para a sua humilde casa de serra, onde passa o dia todo sorvendo uísque com Coca e botando baralho. 

(Foto: Manim)

terça-feira, 27 de junho de 2017

Tique nervoso


Cheio de mugangos, Géris se levantou da mesa, atravessou o salão do restaurante e foi bater até a calçada da esquina para dar vazão aos seus irreprimíveis tiques nervosos. 

Apinhado de trejeitos, gesticulando feito aqueles bonecos infláveis de propaganda em posto de gasolina, fez com que pelo menos três taxistas parassem, por entenderem que estavam sendo solicitados por um passageiro para alguma corrida. 

(Imagem: Google)

segunda-feira, 26 de junho de 2017

Naná Vasconcelos


Certa vez, após um show do genial músico Naná Vasconcelos no Theatro José de Alencar, fomos convidados pelo artista a jantar em um restaurante de Fortaleza: Eu, Elusa, nossos filhos Fernando Victor e Joana, mais os casais Bete e Ricardo Bezerra, Silvana e Aldo Chaves. 

Ao brindarmos o sucesso dele, Naná perguntou se poderia saber a nossa opinião sobre o espetáculo daquela noite. Quando íamos nos manifestar, ele interrompeu dizendo que gostaria de começar a ouvir pelas duas crianças presentes à mesa. Aí, Fernando Victor e Joana expressaram as suas impressões e Naná, depois de os escutar atentamente, educadamente lhes agradeceu pela valiosa crítica musical! 

Pois é, Naná era desse jeito.

(Foto: Google)

Pensando bem...

domingo, 25 de junho de 2017

Estoril


Alvorecendo a minh’alma boêmia, comecei a frequentar o Estoril no começo dos anos 70. 

Hoje, quando me vejo trabalhando como arquiteto nesse prédio – atual sede da Secretaria de Turismo de Fortaleza – imagino se naquela época uma cigana me chegasse, lesse a minha mão e dissesse que no futuro eu trabalharia nele, eu estranharia e me perguntaria: Será que eu vou ser garçom?!

Pra quem não sabe, o Estoril foi um restaurante com forte desenho de bar e reduto dos mais criativos da cidade.

sábado, 24 de junho de 2017

Aeroporto de Jeri


Hoje, vivencio uma das minhas maiores realizações profissionais: a da inauguração do Aeroporto de Jericoacoara, em Cruz-CE, projeto arquitetônico de minha autoria. 

(Foto: Arquivo Totonho Laprovitera)

quinta-feira, 22 de junho de 2017

O homem que comia papel

Dunga Odakan.

"O homem que comia papel mastigava letras, ofícios, duplicatas, arrotava palavras, quase nenhum som dele se ouvia.
O homem que comia papel obrava textos, pontos, vírgulas, cartas de dor de um findo amor, que o coletor de lixo recolhia. 
O homem que comia papel só não engolia pão de poesia, por isso sua digestão era complicada, ele vivia com disenteria. 
Morreu com excesso de palavras e anemia de poesia. Por não saber que o homem é o que come, e poesia é fibra necessária ao dia à dia." 

Dunga Odakam

quarta-feira, 21 de junho de 2017

Uma língua

Valéria.

No início dos anos 70 eu acompanhei o Guto Benevides, Gera Teixeira e Edgar Macedo em uma entrevista para o bem-conceituado “Tabloide TC”, com o travesti Valéria, que se hospedava no Hotel Beira Mar, por conta de um show que iria apresentar em Fortaleza. 

Nas décadas de 60 e 70, admiradas pelo público em geral, Valéria, Rogéria e tantas outras eram artistas respeitadas no Brasil, sendo comumente convidadas a participar de programas de televisão. 

Pois bem, mal iniciou, o tom do entrevista já apimentou. E lá pelas tantas, quando chegou a hora do pingue-pongue, o Guto falou para Valéria “uma língua” e ela, de pronto, citou: - “A que os antigos usavam pra falar.“ 

Sobre Valéria, soube que depois ela se mudou para Paris, onde fez sucesso como estrela de clubes noturnos. Matrimoniou-se com um endinheirado que veio a ser sócio de uma conhecida rede hoteleira e, por conta disso, acabou indo morar em Salvador no final dos anos 90. 

(Foto: Google)

segunda-feira, 19 de junho de 2017

Fagner na Meruoca


Trecho do grande show de Raimundo Fagner no sábado último, por ocasião do XII Festival de Inverno da Serra da Meruoca, Ceará.

Uma lapada


Sucedeu-se na Serra da Meruoca, na bodega do “seu” Gerardo, onde eu estava me distraindo um pouco. Entre sacas de arroz, feijão, açúcar e farinha, abancado em um tamborete ao pé do encerado balcão, na mansidão do lugar eu bilava o movimento e rebolava no mato um tiquinho de conversa.

Aí, da clara rua, adentrou ao denso recinto uma contrita senhora de idade, trajando um tradicional vestido de pano azul claro e bolsos largos, com mantilha aos ombros e missal envolto e com terço às mãos. Seguramente, ia à Missa das cinco. Aproximou-se do balcão – autêntico altar da boemia – e baixinho, quase cochichando, rogou: - “Por obséquio, seu Gerardo, uma lapada”. 

Com toda a calma do mundo, “seu” Gerardo lhe serviu a cana até a beira da boca do velho copo americano. Ela ofereceu ao santo, virou a talagada de uma vez só, passou a mão nos beiços, pagou em moedas e, serenamente, carregada de fé, seguiu às suas religiosas obrigações.

sábado, 17 de junho de 2017

Em forma


Não se descuidando da boa forma, Bosco tem sido visto se exercitando pelo calçadão da Avenida Beira Mar, em Fortaleza.(Foto: Manim)

sexta-feira, 16 de junho de 2017

quinta-feira, 15 de junho de 2017

Ronaldo Cavalcante


Ronaldo Cavalcante vem de um tempo de militância, onde fazer arte era ofício de resistência e a manifestação estética era antes um discurso do afeto. Os temas dos seus desenhos sempre foram escolhidos entre as coisas e os seres que lhe são caros, sejam eles folguedos populares ou aspectos da vida cotidiana ou, ainda, os muitos amigos que moram no lado "esquerdo do peito".
Nunca desenhou só por desenhar, nunca aceitou encomenda sem a coincidência com o seu desejo e o seu gosto, com a sua visão generosa de ver o mundo.

Diagramador, desenhista e ilustrador de livros e de revistas, sempre imprimiu em sua obra uma marca singular da cearensidade, não como uma gaiola que prende o pássaro-arte ao regionalismo, mas como participação intensa em uma comunidade de destino.

Rosemberg Cariry
Poeta e Cineasta

Realejo


De espinha de peixe, Bosco assegura ter feito uma coleção de pente! (Foto: Manim)

quarta-feira, 14 de junho de 2017

Nobre Vaval


De refinado bom gosto, fazendo jus ao seu “noble naissance”, o megaempresário Olival Sampaio Sobrinho, ou simplesmente Vaval, elegeu o “La Tour d'Argent” – o mais antigo restaurante de Paris, fundado em 1582 – como o de sua predileção na Europa.

Referência entre os restaurantes mais elegantes de Paris, grandes personalidades como Richelieu, Henri III e John Kennedy – o “Quenquém”, primo próximo de Vaval, pela descendência irlandesa – já marcaram presença no local.

Com vista privilegiada de Paris, o “La Tour d'Argent” harmoniza um cardápio de luxo, sendo os pratos “filet de sole truffé” e “grenadin de veau Matignon”, os preferidos de Olival. 

(Foto: Manim)

terça-feira, 13 de junho de 2017

Vaval em Paris


O instantâneo fotográfico registra a chegada habitual do simples Vaval ao tradicional Café de Flore, em Paris. (Foto: Manim)

segunda-feira, 12 de junho de 2017

Trevo de quatro folhas


Por volta 300 AC, na Inglaterra, os antigos Magos Druidas criam que quem tivesse um trevo de quatro folhas, poderia absorver os poderes da floresta e a sorte dos deuses. Com isso, também possuiria o dom da prosperidade.

Agora, diz a lenda, para se ter sorte com o trevo de quatro folhas, é preciso ganhá-lo de presente.

domingo, 11 de junho de 2017

Arte com espinhos


Dizem que minha arte com espinhos é contemporânea, que tem a ver com física quântica, sei que o que e coisa e tal...

sábado, 10 de junho de 2017

Dia dos namorados

Cururu no colo


Aos 70 janeiros, o levado Benedito segredou para a turma toda do “Bar do Ciço” que, por corda de um amigo metido a doutor, achou de adquirir um kit de injeção intra-peniana para assegurar a sua função sexual erétil em um relacionamento amoroso a ser iniciado com uma fogosa jovem, totalmente desinteressada em suas magras posses. 

“Bené, o negócio é o seguinte, a injeção opera no tutano dos tecidos eréteis cacetais, aumentando o sangue no bicho. E tem mais, ela evita os efeitos colaterais que causam os comprimidos”, teria dito o amigo. 

Porém, precipitado e dentro do carro, o afoito Bené decidiu aplicar a injeção já a caminho do ansiado encontro marcado para a tarde de uma quarta-feira de vênus. Ocorre que no sinal fechado ele sacou a seringa com fina agulha e, no avexamento, errou na aplicação. 

Ora, não tardou alguns minutos para a reação da medicação raiar do jeito que ele nunca esperava. Encabeçou-se uma dor da peste e, ao invés da ereção, o pênis inchou de um jeito, chega ficou parecido com um ofegante cururu. 

Daí, sem a menor condição de seguir a programação combinada, “seu” Benedito cancelou a namoração, deu meia volta e se mandou pra casa, onde passou a noite todinha na velha fianga, pacientemente assistindo televisão com o controle remoto na mão e o cururu no colo!

quinta-feira, 8 de junho de 2017

PC Caju


Acompanhado de Walter Casagrande, meu amigo Paulo Cézar Caju se apresenta na TV Globo para a gravação do programa “Conversa com Bial”. No peito, PC carrega a medalha da Ordem Nacional da Legião de Honra (em francês: Ordre National de la Légion d'Honneur), uma das mais respeitáveis condecorações honoríficas da França. 

(Foto: Acervo Paulo Cézar Lima)

terça-feira, 6 de junho de 2017

Couro do Espinhaço


COURO DO ESPINHAÇO
(Chico Pio / Totonho Laprovitera)

No mormaço ardente do roçado,
eu já estou com os dente enferrujado
e a barriga no couro do espinhaço
Ferroando a fera onde passo...
Não deixo meu sertão, seu moço!

Nem que eu tenha de ficar sozinho
feito bicho acuado entristecido,
os meus versos livres e cerzidos
Vou ficando despreocupado...
Não deixo meu sertão, seu moço!
Tô montado no lombo do boi,
majestoso galope sem traçado
Peia, espora, arreio, não sou gado
Mata-pasto florado do agreste...
Não deixo meu sertão, seu moço!
Se eu pudesse escolher meu destino,
outra vida inteira viveria
sem perigo talvez sobreviveria
Sabe Deus por onde andaria,
minha sina é cantar noite e dia
Não deixo meu sertão, seu moço!

(De fome eu não morro, não, seu moço)

domingo, 4 de junho de 2017

Questão de gosto


Aconteceu no interior, quando de uma festa no clube principal da pequena cidade. 

Zanzando pra cima e pra baixo pelo salão, um bêbado se chegou à mesa onde sentavam quatro inuptas senhoritas, de esquisita formosura. Aí, quando uma reclamou pelo incômodo de ser reparada o tempo todo, o bêbado a olhou da cabeça aos pés e disparou: - “Eu acho bonito gente feia!”

Pensando bem...

quinta-feira, 1 de junho de 2017

Nas nuvens


Vem nua a noite. No açoite do vento o tempo esculpe desenhos nas nuvens. 

(Foto: Totonho Laprovitera)