Dentre tantos significados, a igualdade é a inexistência de descaminhos ou contradições sob determinada visão, em meio a confrontos de objetos, pessoas, ideias, conceitos ou tudo que seja feita uma comparação.
Ultimamente, o sentido de igualdade foi alargado para também abranger a equidade de direitos entre gêneros, classes, etnias, e orientações sexuais. No contexto da pós-modernidade, o conceito de igualdade tem sido pouco a pouco compreendido pela ideia de diversidade.
Já, a diferença significa a maneira que distingue um ser de outro ser, ou uma coisa de outra coisa. Constitui a falta de igualdade ou de semelhança. Na matemática, é “o resto” que fica de um número ou quantidade da qual se subtrai ou número ou quantidade. Significa, ainda, divergência, desavença, contenda...
Bem, sobre o assunto, transcrevo um texto de uma apresentação artística para Francisco Zanazanan, cometido pelo Carlos Macêdo.
A igualdade diferente 13/04/2009
A exposição ”Obras Premiadas”, de Francisco Zanazanan, no espaço Cultural dos Correios, em Fortaleza, merece algumas considerações. A primeira diz respeito à apresentação dos trabalhos. De curadoria múltipla, já que estamos tratando de trabalhos que foram premiados, o todo se revela maior do que a soma das partes, diria um discípulo da teoria da Gestalt. Mas é assim mesmo. Não ficamos à vontade para preferir este àquele, pois a relação entre eles acaba por valorizar, e muito, cada um, em particular. Isso, a meu ver, ocorre ao ponto de se considerar a sobrevivência individual dos trabalhos, algo que exigirá esforço. A solução seria congelar o espaço expositivo tornando permanente a mostra. Não será possível e nos restará a sensação de perda. Sem aquele contexto é possível que se converta, cada obra, em um peixe fora d'água.
Não me parece suficiente a expressão “dialogar”, mas me permito o uso do termo, por falta de outro melhor, que agora não me ocorre. Assim direi que o diálogo entre eles não apenas os nivela por cima, todos têm a mesma dignidade, como nos dá a sensação de que estão em seu habitat, em sua comunidade.
Outra coisa que me importa é a forma de sua elaboração. Zanazanan, a exemplo de Palatinik, é uma agradável e respeitosa mistura de artista e cientista, sendo que Francisco optou pelo uso da artimanha em vez dos motores. A astúcia é, pois, o motor dos engenhos dele que minimaliza o discurso mantendo a curiosidade como elemento de cada trabalho.
A dinâmica dos seus trabalhos transfere, em parte, ao espectador. Algumas obras, por exemplo, exigem de quem as observa, que faça algum movimento para que sejam vistos detalhes, mobilidade, sutilezas que o artista lhes empresta com raríssima destreza. São elas que tiram o observador para dançar, “um pra lá, um pra cá”, nos passos fundamentais da valsa.
As obras são conhecidas, mas juntas constituem uma outra, a exposição, que resulta por se afirmar como uma espécie de síntese conceitual. Num golpe, o conjunto supera cada obra em particular e paira destinando o olhar a uma percepção diferente a cada instante. Certa vez ouvi do artista que gostaria de desenhar nos astros, numa revelação vocacional para a astronomia artística ou para a arte astronômica. Pois bem. Conseguiu. Francisco Zanazanan revela sua escolha. A ilusão da ilusão.
Ao visitante sobra um aviso: Sair da exposição indiferente, é um mal sinal que depõe contra você.
Carlos Macêdo
(Foto: Francisco Zanazanan)