terça-feira, 15 de julho de 2014

Festa hippie


Vindas do Rio de Janeiro, as irmãs Luciene, Guacira e Lucille sempre passavam as férias lá em casa. Em uma das vezes, elas resolveram promover uma festa hippie. Decoraram a casa com samburás, bolas e luzes de instalações natalinas, papel crepom, o escambal e, pronto, estava preparado o cenário!

A notícia correu solta e, mal anoiteceu, os convidados, ou não, começaram a chegar, enquanto as anfitriãs ainda engomavam as suas longas melenas entre folhas de jornais. Um dos primeiros a chegar foi Humbertinho, de óculos redondos e escuros, trajando um psicodélico bolero e uma extravagante calça boca-de-sino do tamanho dum bonde. Trazia no peito aberto um medalhão que mais parecia uma tampa de chaleira. A basta e longa cabeleira, ainda eriçada, era inspirada na Black Power do Toni Tornardo. Chamava atenção.

Ao som de Pata Pata, a alta fidelidade estrondeava e alucinava a festa. A bela e formosa loura Naná evoluía numa dança originalmente exótica que varria com os cabelos e encerava com as costas o brilhoso chão de taco da lotada sala de visita.

Não sei até que horas foi a animação, sei que até tarde não foi, pois, naquele tempo, a noite adormecia cedo nas casas de família e deixava a madrugada livre para o “queima raparigal!”

Do livro "Eu Conto", de Totonho Laprovitera.
(Imagem: Google)

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