sexta-feira, 27 de janeiro de 2012

Desabafo de um novo rico


Um leitor nos manda a seguinte carta manuscrita:

“Prezado Totonho,

Ninguém pode ganhar uma besteirinha à toa de dinheiro que o povo já chama a gente de besta! Ora, se gostamos do que é bom, vamos deixar de nos agradar com as coisas prazerosas da vida? Claro que não!

Mas, eu entendo, só pode ser de inveja os comentários que dirigem à minha pessoa. Senão, vejamos.

Se apareço numa coluna social, balançando um uísque scoth na mão, dizem: ‘Noutro dia, era um Zé Ninguém desse. Hoje em dia, só quer ser as pregas...’
Quando estou de borracha nova, desfilando no meu importado: ‘Novo rico é de lascar, não tira o adesivo do pára-brisa, nem os plásticos dos bancos...’
Aí, se me veem na minha Hylux, novinha em folha: ‘Ô, bicho besta, é só desfilando pra se amostrar!’
Se eu compro um apê na Beira Mar: ‘Só pode tá é roubando... Até ontem era um pé-rapado que vivia numa espelunca da periferia...’
Se compro um flatizinho na praia do Beach Park: Agora aloprou, é já que vai ser preso!’
E tudo que visto, mesmo sendo caro e comprado em loja de luxo, “é cafona”!

É, meu patrão, o jeito é não ligar pra língua dessa gente invejosa. Afinal de contas, quem gosta do que não presta é barata e rato, e de sofrer é masoquista!

No mais, olhe só o gelágua daqui de casa.


Receba o abraço do,
(Nome ilegível)

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