A Paraíba marcou muito a minha vida. Foi onde
encontrei a certeza de ser artista e arquiteto.
Em João Pessoa, eu morei a maior parte do tempo dividindo
um apartamento com mais cinco amigos: Wiron, Toinho, Julinho, Irineu e Ricardo.
Antes disso, passaram em temporada: Gaubi, Ernane, Zé Carlos, Zé Ramalho, Chico
Miséria, Dedé, hippies e amigas e namoradas do Wiron. E eu ainda tinha o
Candango como tutor. Daí, com um naipe de magote dessa estirpe, calculem as
marmotas.
Certa vez, nem era dia 10 do mês e a grana da gente já
estava miúda de um jeito que não dava pra comprar nem um Cibazol. Vagávamos em
pensamento ideando como faríamos para tirar o bucho da miséria, pois, na nossa
geladeira, afora as pilhas Rayovac recarregando, só tinha uma lata de azeite e
uma cumbuca com farinha. E eis que encontramos a saída para nossa míngua: um
concurso de culinária entre as empregadas do prédio!
Ora, não deu outra, o sucesso foi total. No grande dia,
nos abancamos à mesa bem posta – com um lençol servindo de toalha – e recebemos
os mais variados e saborosos pratos, com um caderno e caneta a mão, para darmos
nota a cada candidata.
Ah, ia esquecendo, ainda cobramos taxa inscrição para o
concurso!
Do livro Eu Conto, de Totonho Laprovitera.
(Foto: Edson Matos)
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