quarta-feira, 1 de outubro de 2014

Mário Gomes, o poeta da Praça


Ação gigantesca
(Mário Gomes)

Beijei a boca da noite
E engoli milhões de estrelas.
Fiquei iluminado.
Bebi toda a água do oceano.
Devorei as florestas.
A Humanidade ajoelhou-se aos meus pés,
Pensando que era a hora do Juízo Final.
Apertei, com as mãos, a terra,
Derretendo-a.
As aves em sua totalidade,
Voaram para o Além.
Os animais caíram do abismo espacial.
Dei uma gargalhada cínica
E fui descansar na primeira nuvem
Que passava naquele dia
Em que o sol me olhava assustadoramente.
Fui dormir o sono da eternidade.
E me acordei mil anos depois,
Por detrás do Universo.

Esse poema ganhou o primeiro lugar no Festival de Poesia Cearense, de 1981.

Integrante da paisagem cultural de Fortaleza, Mario Ferreira Gomes (1947) se descobriu poeta aos 18 anos. Tendo como lema a liberdade, é autor de 8 livros e tem, pelo menos, duas biografias editadas. 

(Foto: Google)

Nenhum comentário:

Postar um comentário