domingo, 6 de dezembro de 2015

A melhor amiga


Paulino estava levando o maior calor da jovem namorada, a quem havia negado o pedido de um aparelho de videocassete de presente. Ora, além de ser a novidade da vez, o bicho mal havia sido lançado e era caro pra burro! Não cabia no orçamento extraconjugal.

Porém, a saudade foi crescendo, crescendo, até que Paulino não conseguiu mais se segurar e comprou o regalo! Da loja, avexado que só, meteu o pé na carreira, direto para a casa da amada. Decepção.

Quando Paulino chegou, a garota já estava bem aboletada, toda empinada, na garupa de uma barulhenta moto do tamanho dum bonde. O motoqueiro era forte que só e trazia à mostra no musculoso braço direito, tatuada, a imagem da Baía da Guanabara todinha! Para o apaixonado, só restou da namorada uma piscada de olho e a breve frase “a fila anda”. 

Arrasado, Paulino meteu o rabo entre as pernas e foi pra casa. Sozinho, abriu um tubão de rum, serviu-se com Coca-Cola, botou pra tocar na radiola o último disco do Roberto Carlos e deitou-se no chão para curtir sua dor de cotovelo.

Não tardou sua esposa Heloísa chegar em casa. Surpresa com a cena, perguntou o que estava acontecendo. Paulino disse que apenas estava deprimido e, levantando-se, falou:

- Heloísa, meu amor, arrume as malas que nós vamos passar o final de semana em Natal!
- Mas, Paulo, assim, tão de repente?
- Minha filha, o amor é assim mesmo e as decisões apaixonadas são inesperadas!
- Que lindo, meu amor...

Arrumadas as malas, partiram para o aeroporto, de onde embarcaram e seguiram rumo à Natal. Lá, bem hospedados em um luxuoso hotel na Via Costeira, passaram uma noite de lua-de-mel. 

Na manhã seguinte, na piscina, o casal namorava feito dois pombinhos. Mas, de repente, bateu um banzo medonho em Paulino que, resolveu interromper a sessão de cafuné para assuntar com a devotada esposa:

- Heloísa, posso desabafar com você?
- Sim, claro...
- Sabia que você é a minha melhor amiga?!
- Sim, amor...
- E como melhor amiga, posso lhe revelar o que estou sentindo agora?
- Lógico, mozim, conte...
- Tenho vergonha... 
- Mô, conte que eu vou lhe entender...
- Heloísa, eu estou assim porque... 
- Porque...
- Porque eu levei o maior fora da minha namorada!

Aí, na hora, Heloísa levantou-se, deu um tabefe nos peitos dele e metralhou:

- Seu filho de rapariga com guarda noturno, cachorro sem-vergonha, quer dizer que essa tristeza toda é por causa duma sirigaita, duma quenga?!
- Heloizinha...
- Heloizinha, meus ovos! Caralho, vá pra puta que pariu!

E lá se foi a geniosa Heloísa embora, de volta para Fortaleza, deixando o coitado do Paulino na maior sofrência da paróquia!

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