quinta-feira, 3 de dezembro de 2015

Delação premiada


A valente e ciumenta Dona Marlene, do Bairro Vila União, em Fortaleza, decidiu investigar a vida mundana de Seu Joaquim, santo marido que estava sendo falado como grande raparigueiro. 

Daí, resolvida às seis da matina, vestiu-se de preto, boné e óculos escuros, para dar uma batida na residência de Lurdes Val, corretora de donzelas de programa. 

- Toc! Toc! Toc! 
- Quem é?
- Dona Lurdes Val?
- Sim?
- Abra a porta que a parada é federal!
- Vixe Maria!
- Abra, mulher!
- Pronto. 
- Muito bem, quer dizer que você é a mulher que oferece serviços sexuais em troca de dinheiro? 
- Não, senhora, eu apenas ajudo garotas carentes... 
- Garotas que saem de casa para serem prostitutas? 
- Não, minha senhora!
- A coisa é séria e tá pegando... Prostituição!
- Mas, peraí, a prostituição no Brasil não é uma atividade profissional reconhecida pelo Ministério do Trabalho? 
- Bem, saiba que no Código Penal, em seu Capítulo V, Do Lenocínio e do Tráfico de Pessoas... 
- Meu Deus do Céu!
- Mas, não se apavore, Dona Lurdes Val... 
- Não?
- Pra tudo se tem um jeito.
- É?
- A senhora já ouviu falar em delação premiada?
- Ãh?
- Na delação premiada eu ofereço benefícios para a senhora confessar e prestar informações úteis ao esclarecimento do fato delituoso... 
- E qual será o meu benefício? 
- Bem, eu lhe esqueço e a senhora ainda se livra duma peia grande... 
- Pois ta bem, o que a autoridade quer saber?
- Por acaso, a senhora conhece um cidadão chamado Joaquim Souza da Silva?
- O Quinzinho?!

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