Régis Canalha.
Era bom demais ser amigo do Régis Antonio Nascimento Ferreira Gomes, o Régis Canalha! Leal, bom papo, bom copo, bem humorado o tempo todo e namorador que só, ele era personalidade marcante da inteligente irreverência sobralense. Quando do carnaval, figurava como referência do tradicional Bloco dos Sujos, o qual organizava, promovia e a concentração se dava em frente à sua casa.
Dele, muitas histórias eu guardo na memória.
Uma, na Serra da Meruoca, quando bem cedo me deixou de “presente”, no terreiro da minha casa, um bêbado trajando um amarrotado e puído paletó. Nunca tinha visto tal elemento na vida. Nem o Régis. Foi fogo pra gente mandar o todo cheio de razão empaletozado alcoolizado embora.
Outra, foi a que eu o peguei levando uma curiosa resposta, pela cantada passada na então doméstica “carioca” da minha casa: “Sai pra lá, veshhhpa pegajooosa!”
Régis Canalha, no passo do frevo do carnaval de Olinda!
Com Seu Edvar, seu pai, lembro de duas.
A primeira. Perguntado se nunca havia pensado em trabalhar, Régis matutou, matutou... Se balançou na rede com o pé na parede e respondeu que sim. Aí, Seu Edvar emendou, indagando a respeito do que ele fazia sobre tal pensamento. “Eu reajo!”, respondeu firme e forte.
A segunda. Ele tinha o costume de mudar a voz e, da calçada da sua casa, em frente ao Patronato, perguntava ao pai: “O Régis está?” Seu Edvar, enxergando quase nada, respondia que não. Aí, o Canalha falava: “Pois, tá bom”. E seguia em frente.
Grande Régis Canalha, saudades...
(Fotos: Adriano Ferreira Gomes)
Totonho, Régis era um amigo com quem convivi e partilhei muitos bons e ótimos momentos. Nosso amizade nos aproximou bastante da condição de irmãos e até hoje não sei se a vida foi boa ou cruel comigo por não me deixar presenciar a tragédia que o tirou do nosso convívio. Muito feliz sua lembrança e contar aqui histórias dele, que poderiam preencher um blog inteiro. Duas curtinhas eu quero contar.
ResponderExcluirA primeira do Bloco dos Sujos. Um grande número de foliões travestia-se de mulher. Comentando essa prática na casa dos meus pais, foi perguntado por minha mãe se ele preferia se vestir de homem. Meio sem jeito, respeitoso com aquela que gostava muito dele, respondeu: "Domaducarmo, eu já sou homem". Craque em respostas rápidas e inteligentes, ao ser perguntado quando criaria juízo, Régis respondia: "Uando souber o que ele come".
Forte abraço!