domingo, 8 de janeiro de 2012

O taxista



Semana passada eu peguei um táxi, o qual o motorista ouvia Nélson Gonçalves. Por trás dos invocados óculos escuros, conversador que só, ele foi logo falando sobre a sua vida.

Contou que, apesar da idade avançada, trabalhava há pouco tempo como motorista de praça. Que tinha começado a batalhar cedo na vida e durante anos havia sido dono de bar, atividade que lhe era inapropriada, pois "raposa não pode negociar com galinha", disse. Foi boêmio, mas hoje em dia achava-se cansado das farras e das noites mal dormidas. Mesmo assim, ainda exalava um bafo danado de cana.

Seu Luís - era esse o nome dele - contou-me sobre a sua patroa, filhos, netos, bisnetos, cachorro e papagaio. Sobre os cabarés de antigamente que frequentava costumeiramente com os amigos de copo e de cruz. E olha que a corrida nem longa foi. 

Finalizou, dizendo:

- Quando vim ao mundo eu não nada trouxe. Quando eu for embora, nada levarei!

A corrida deu oito reais e eu paguei dez.

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