domingo, 22 de fevereiro de 2015

Chico Aleijado

Chico e Giovani, em Iguatu.

Cedo, domingo de manhã e o telefone toca. Era Giovani pra dar uma triste notícia: a do falecimento do nosso amigo Chico Aleijado.

Chico Aleijado era uma figura formidável e de extraordinárias histórias. Com suas minguadas pernas, arrastadas pelo corpanzil que possuía, andava aos quatro nortes das suas vontades. Fazia-se nômade, pela condição de ter tantos amigos espalhados pelo mundo. 

Conheci o Chico em Orós, tomando um caldo num fim de tarde, para restabelecermos as forças e prosseguirmos a farra na festa do Ladeira Clube, por ocasião da famosa vaquejada da cidade. Desde então, passei a ouvir e a testemunhar suas facetas de técnico de futebol de salão, jogador de baralho, acompanhante de colecionador de santo de igreja, contador de causos e boêmio da melhor qualidade. 

Dentre tantas passagens, conto três lembranças do Chico.

A primeira: No banho do Tuninho, em Orós, descemos a ribanceira levando bebidas numa bacia. Na hora da volta, todos bêbados. Zé Marmita, então, à moda mochila o levou nas costas, pois ele havia terminantemente se recusado a ser amarrado numa corda para o alcançarmos mais adiante do rio, ou ser conduzido na já vazia bacia. 

A segunda: Quando técnico de futebol de salão, da história do cascudo que ele deu no pequeno Diabo Louro, porque havia perdido um pênalti em troca de um anel Brucutu, que fazia o maior sucesso entre a meninada de Iguatu. 

A terceira: Na coluna do Neno, deu que depois de ganhar um prêmio de loteria, “desinteressadamente”, os familiares distantes se aproximaram do querido parente, passando a chamar o Chico Aleijado de Francisco Paraplégico. 

Bem, depois eu conto mais...

Chico Aleijado, certamente, entra na história do patrimônio imaterial da nossa admirável cultura do Ceará Moleque.

Um comentário:

  1. Com surpresa leio sobre a morte de Chico Aleijado. Não que sejamos imortais. Mas Chico o era. Da praça Duque de Caxias (onde me criei), Rua do Fogo, Prado, etc. de rua em rua, com paradas nos botecos, empurrávamos a corroça de Chico em Iguatu no mês das nossas férias universitárias (fortaleza). Era um regozijo ser amigo de Chico. Em Campina Grande PB para onde mas tarde fui trabalhar, Chico passou uma temporada vivendo na Paraíba. Marcamos nosso espaço etílico nas ladeiras de Campina. Tenho muitas histórias pitorescas vividas com Chico, que me chamava de "Caldeirão" por conta do sitio do meu pai lá pras bandos do Quixelo. Tudo passa. Que Deus o tenha!

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